Eleições

Alckmin diz que Lula “reflete sentimento de esperança” e representa a democracia

Apesar da rivalidade histórica, Geraldo Alckmin disse que Lula e ele nunca puseram a democracia em risco

Édrian Santos

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, recém-filiado em PSB, partido que anunciou apoio à chapa do PT, relacionou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a algo que “representa a própria democracia”. O ex-tucano é cotado a ser pré-candidato a vice-presidente do petista.

“Ele é, hoje, aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia. Não chegaria lá, do berço humilde que sempre foi, se não fosse o processo democrático. Por ter conhecido as vicissitudes, é que, na realidade, interpreta esse sentimento da alma nacional”.

No discurso de filiação, Alckmin declarou apoio à eleição do ex-rival, quando ambos disputaram a presidência no segundo turno das eleições de 2006. Na época, Lula venceu com 48,6% dos votos contra 41,6%. Apesar dos conflitos históricos, o ex-governador disse que Lula e ele nunca puseram a democracia em risco.

“Alguns podem estranhar. Eu disputei com o presidente Lula a eleição em 2006. Fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. O debate era de outro nível. Nunca se questionou a democracia”, comentou o ex-governador. 

Alckmin criticou ataques à democracia

O mais novo e principal nome do PSB aproveitou o momento para criticar grupos extremistas que põem em dúvida a confiabilidade das eleições e urnas eletrônicas. O ex-governador também direcionou o discurso para condenar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional. 

“Aqueles que criticam, desconfiam em relação ao resultado das eleições estão ofendendo a democracia. Aqueles que ameaçam o parlamento estão ameaçando a democracia. Aqueles que agridem o Supremo Tribunal Federal, estão agredindo a democracia”, disparou.

Alckmin pode ser vice de Lula

Num movimento desenhado pelo ex-governador Márcio França, que também é uma das principais lideranças do PSB de São Paulo, Alckmin pode se tornar o vice na candidatura de Lula. O ex-presidente busca um nome moderado para compor a chapa majoritária do PT.

“Não tenho dúvidas de que o presidente Lula, se deus quiser, eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial. Vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico. E vai diminuir essa triste diferença social que temos no país”, dirigiu-se Alckmin a Lula, que não esteve presente no evento. 

O próprio Lula já disse que não vê problema em dividir o palanque com Alckmin. Para o ex-presidente, as divergências precisam ser colocadas de lado num cenário em que promete “consertar o Brasil”. O ex-governador anunciou a saída do PSDB no final de 2021.

“Falta eu me definir como candidato e Alckmin escolher partido. Se o Alckmin como meu vice me ajudar a governar, não vejo nenhum problema de ele ser meu vice. As divergências serão colocadas de lado, porque o desafio, mais que ganhar, é consertar o Brasil”, disse Lula.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esteve presente na cerimônia de filiação de Alckmin. Ela reforçou a união entre o partido que preside e PSB sobre o apoio à candidatura do Lula.

“Juntos [PT e PSB], fizemos história neste país. Juntos, vamos fazer história novamente em torno da candidatura do presidente Lula”, pontuou.