Tarcísio busca demonstrar conhecimento de São Paulo e reforça apoio de Bolsonaro

Candidato do Republicanos relacionou propostas e elogiou novo formado do debate na Band

Narley Resende

Tarcísio de Freitas em debate na Band Renato Pizzutto / Band
Tarcísio de Freitas em debate na Band
Renato Pizzutto / Band

O candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura, usou o debate para mostrar conhecimento do Estado de São Paulo. Relacionou linhas de metrô, bairros da capital, ligações e detalhes de cidades do Interior. O reforço tenta minimizar sua naturalidade do Rio de Janeiro, o que faz com que a legitimidade de sua candidatura constantemente questionada pelo adversário, Fernando Haddad (PT). 

Apesar do esforço, Tarcísio escorregou ao falar o nome de um dos bairros da capital paulista, Campos Elísios, na região central, que ele chamou de “Campo dos Elísios”. A gafe foi destaque na internet. 

Entre as propostas, Tarcísio reforçou sua intenção de retirar as câmeras instaladas nas fardas de policiais; possibilidade de privatizações em estatais como a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo); bolsa de R$ 120 para estudantes; redução da carga tributária, entre outras.

Apoio de Bolsonaro

Ele abriu o debate prometendo redução de impostos, citando o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, para reforçar seu apoio. No início, o debate mostrou tendência de ser nacionalizado, o que se pulverizou ao longo do confronto. 

“Nós vamos reduzir a alíquota (do ICMS) para tornar o Estado mais competitivo, porque isso vai gerar emprego. Então, parabéns ao presidente Jair Bolsonaro pela iniciativa"

Em seguida, citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mencionando uma frase do petista sobre policiais. “Uma frase infeliz do ex-presidente Lula, diz: ‘Bolsonaro não gosta de gente, gosta de policial. Acho triste que o ex-presidente se refira àqueles que arriscam suas vidas diariamente dessa forma. Aqueles que vestem fardas para nos defender. Queria ouvir sua opinião sobre essa afirmação e mais: como você vai fazer, o que está no seu plano de governo, para melhorar a segurança pública do Estado de São Paulo”.

Câmaras de policiais

Entre outras coisas, Haddad criticou a proposta de Tarcísio de retirar câmeras de uniformes de policiais, o que reduziu a letalidade causada pela polícia em 80%. Também questionou a política de armar a população, o que seria ruim para a polícia. 

Tarcísio reforçou que um eventual governo seu dará destaque à Segurança Pública. “Vamos combater asfixiando a lavagem de dinheiro, combatendo as quadrilhas de receptação, vamos usar muita tecnologia da informação”, disse, citando São José dos Campos, que criou um sistema de geoprocessamento para identificar áreas com alto índice de criminalidade.

“Com relação à política de armas do governo federal, que foi aprovada por plebiscito em 2005 e que fez parte da campanha de 2018, queria dizer o seguinte: a arma sempre chegou ao bandido e agora está chegando ao cidadão de bem”, pontuou. 

Haddad, então, insistiu na pergunta sobre as câmeras nas fardas de policiais, que não foi respondida no bloco anterior, e também reforçou críticas à postura de Bolsonaro durante a pandemia. 

Tarcísio reiterou defesa ao presidente, dizendo que ele alertou sobre a possibilidade de aumento de casos de depressão e suicídio no pós-pandemia. Também nacionalizou a discussão, falando sobre medidas econômicas de Bolsonaro. 

Ele finalizou respondendo à pergunta sobre câmeras em policiais. "Com relação à política prisional, temos que construir mais presídios para o semiaberto. Aqueles presos que chegam no semiaberto convivem com os presos do regime fechado e recebem as missões desses presos do regime fechado. Eu conversei com policiais todos os dias e eles disseram 'a câmera incomoda, a câmera está inibindo os policiais de atuar. A câmera está fazendo mal para a segurança pública. Por isso que o cidadão de São Paulo está se sentindo inseguro", aponta. 

Governo federal

Sobre a política de vacinação do governo federal, Tarcísio destacou o acordo feito pelo governo com a Astrazeneca, para produção de vacinas em território nacional. Ele continuou relacionando políticas públicas de sua gestão diante do Ministério da Infraestrutura. 

“Nós fizemos a concessão do Aeroporto de Congonhas, R$ 3,5 bi de investimento. Fizemos a concessão da Rodovia Presidente Dutra, R$ 7,5 bi só no Estado de São Paulo, vamos ter quatro faixas, investimento que vai ajudar no Turismo Religioso. Quadruplicar toda a Dutra no Vale do Paraíba”, citou, entre outras realizações. 

Reforçou políticas que pretende implementar na Educação, costurando o discurso com a palavra “Infraestrutura”. “Vamos verificar os conteúdos que precisam ser recuperados (perdidos na pandemia), trabalhar na conexão nas escolas, investir na infraestrutura escolar. Vamos transformar as escolas de ensino médio em centros de informação, trabalhando com as universidades e com a iniciativa privada”, disse.  

“Bolacha ou biscoito”

Tarcísio foi provocado por Haddad, por ser natural do Rio de Janeiro. Ao relacionar políticas para a Educação, o petista questionou a qualidade da merenda escolar. “A merenda escolar que está no seu plano de governo, você vai falar que vai melhorar a merenda escolar. Você está sabendo o que as crianças estão comendo na escola hoje? É suco e bolacha. Ou “biscoito”, como vocês chamam lá no Rio de Janeiro”, provocou. 

A resposta de Tarcísio foi listar propostas que tem para a Educação e Cultura, citando o fortalecimento da “cultura e arte regional”. “Vamos trabalhar com a ideia de Escola Integrada, onde a atividade cultural vai se dar na escola. Fazer com que no contraturno atividades de educação por meio da música, por meio da arte. Vamos fortalecer a cultura regional, a arte regional”, citou. 

Perguntas de jornalistas

Na abertura do segundo bloco, a jornalista Taís de Freitas, da Rádio Bandeirantes, questionou os candidatos sobre suas ações para coibir a onda crescente de furtos e roubos de celulares em São Paulo. 

Tarcísio defendeu mudança na legislação federal para coibir os crimes, defendendo a redução da maioridade penal e aumento de permanência de presos nas cadeias. Também prometeu o aumento no efetivo e melhoria da carreira policial. “Por meio de concursos, com aumento de salário, por meio de assistência jurídica, melhoria dos planos de saúde, por meio dos planos de carreira”, relacionou.  

O apresentador Joel Datena perguntou aos candidatos quais seriam as propostas para o agronegócio paulista. Tarcísio defendeu a proteção ao grande e ao pequeno produtor rural. “Precisa da mão do Estado. Precisa contar com a segurança jurídica, precisa, no final das contas, com a regularização fundiária, da regularização ambiental. Precisa da assistência técnica, então temos que revigorar os centros de assistência técnica”, disse. 

A jornalista Sheila Magalhães, da rádio BandNews FM, perguntou sobre os planos dos candidatos para o transporte público, mencionando problemas diários enfrentados pelos usuários do sistema da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). 

“A gente viu recentemente muitos problemas na Linha 8, na Linha 9, que foram recentemente concedidas e a gente tem que cobrar imediatamente o cumprimento do contrato de concessão. Existem várias cláusulas que precisam ser cumpridas e se não forem a gente tem que entrar com as punições, com as multas, e até com a declaração de caducidade, realização de novo contrato de concessão ou mesmo a gestão pública daquela linha”, disse. 

O apresentador Marco Antônio Sabino, do programa Olhar de Repórter, perguntou como o governo do Estado pode ajudar efetivamente na melhoria da segurança e urbanização do centro da cidade de São Paulo. 

“Vamos construir o centro de administrativo de São Paulo na região da Praça Princesa Izabel, trazendo o centro do governo para os Campos dos Elísios. Quando você leva o poder para o Centro, você leva o senso de urgência”, apontou. 

A jornalista Paula Valdez, do BandNews TV, perguntou sobre educação e destacou que eleitores questionam defasagem e qualidade do ensino. 

“Vamos dar uma bolsa para todos os alunos do ensino médio ao longo de 12 meses, para reter os alunos na sala de aula. E ajudar as famílias, para que os pais tenham tranquilidade. Nós vamos passar isso para 100 mil famílias, assistidas com R$ 500. Vamos aumentar a transferência de renda. Segundo, criar o núcleo de assistências às famílias, para combater a depressão. Vamos aderir ao Plano Nacional de Recuperação da Aprendizagem, para ser recuperada de forma imediata. E quarto, investir na infraestrutura escolar”, relacionou. 

Orçamento Secreto

No bloco de perguntas entre os candidatos, Fernando Haddad questionou Tarcísio sobre o pacto federativo e falta de recursos previstos no orçamento federal para o Estado de São Paulo. Também falou sobre o Orçamento Secreto, que destina verba a parlamentares. 

Tarcísio destacou que o Programa Farmácia Popular deve ser reforçado e que a merenda escolar está garantida. “Não vai faltar dinheiro para merenda escolar, não vai faltar dinheiro para o Farmácia Popular. A gente percebeu muito bem o que aconteceu no orçamento. O teto de gastos, a despesa obrigatória diminui o espaço da discricionária e hoje nós temos a emenda do relator (orçamento secreto). Aquilo que saiu da despesa discricionária foi acrescido na emenda do relator e vai ser uma decisão do Congresso Nacional manter. Se o Congresso não tomar essa posição, uma mensagem modificativa vai ser mandada pelo presidente Bolsonaro para restabelecer os valores da merenda escolar e da farmácia popular”, garantiu. 

Após Haddad criticar a retirada de recursos de estados e municípios pelas emendas de relator, Tarcísio defendeu que o governo executou “99% do Orçamento”. “Aliás, ao contrário de sua gestão na prefeitura, nos dois anos e meio primeiros da sua gestão na prefeitura, para recursos da Saúde você só usou 6,5%”, acusou. 

Sobre o patrimônio do Estado de São Paulo, como o Instituto Butantan, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a Sabesp e outros, Haddad questionou Tarcísio sobre planos de privatização que, segundo ele, não estão claros no plano de governo de Tarcísio. 

O republicano respondeu que as diferenças entre os planos de governo são claras e defendeu privatizações. “A privatização da Eletrobrás, que você foi contra, está resgatando a capacidade de investimento. Está fazendo com que a conta de luz reduza de preço”, garantiu. 

“Você pode fazer a mesma coisa na Sabesp. Um dos grandes patrimônios da Sabesp são os contratos de concessão. A conta de água vai ficar mais barata”, disse. 

Considerações finais

“Não sou política profissional, não sou teórico, sou engenheiro, mão na massa, passei minha vida inteira trabalhando para fazer infraestrutura para os mais simples, e é ao mais simples que eu quero ajudar. Meu programa de governo está muito bem construído, e vai colocar principalmente o social. Vamos cuidar das pessoas em situação de rua com grande programa habitacional, aumentando muito a quantidade de habitações que serão produzidas, habitação de interesse social, que é o que nossa população está precisando. Vamos olhar para aquele paciente, com doença renal crônica, no Vale do Paraíba, que está precisando fazer hemodiálise em Guarulhos, que não tem Santa Casa à disposição, que não tem o Frei Galvão lá em condições. Olhar para o paciente de câncer que está saindo de Presidente Prudente, do hospital de Esperança que não está funcionando dentro da sua característica, dentro da sua plenitude, para viajar para Jaú ou para Barretos para fazer quimioterapia. Vamos olhar para o jovem, que eu quero que o jovem tenha perspectiva, que tenha a porta do mercado de trabalho aberto. Vamos olhar para as cidades que tem enchentes e para as cidades que está faltando água”, finalizou. 

Debate na Band

Tarcísio elogiou o novo formato no debate da Band, que permitiu a circulação dos candidatos pelo estúdio, além de conceder um tempo aberto para que os postulantes usassem à vontade durante o programa. 

“A Band, com seu tradicional papel, de protagonizar papel. Gostei muito do formado, que propiciou o debate de ideias”, disse.  “A gente veio aqui para mostrar como gerar emprego, fazer a vida do cidadão melhor. Tenho certeza que o eleitor tem mais uma ferramenta para tomar sua decisão”, destacou.

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