Voto em legenda pode reduzir bancadas de partidos, alertam especialistas

Poder de “puxadores de votos” foi limitado. Só será eleito o candidato que tiver 10% do quociente eleitoral

Narley Resende

Mudanças nas regras para as eleições de 2022, aprovadas pelo Senado no ano passado, preveem, entre outras coisas, um mínimo de votos para que a eleição à Câmara dos Deputados, a chamada cláusula de desempenho individual. Só será eleito o candidato que tiver a votação individual de pelo menos 10% do quociente eleitoral, caso contrário a vaga será redistribuída.

Nesses casos, ainda que o candidato esteja entre as vagas, não poderá assumir se não obtiver o mínimo. O objetivo é diminuir a força dos chamados “puxadores de votos”, parlamentares com votação muito expressiva que acabam elegendo candidatos com menos votos.

“O voto na legenda passou a ser bem menos interessante do que era em eleições anteriores. Agora, além do quociente eleitoral, as candidaturas nominais precisam superar uma barreira (10% do Quociente Eleitoral na primeira rodada e 20% do Quociente Eleitoral na distribuição das sobras). Votar na legenda, então, pode ajudar o partido a fazer mais cadeiras, mas é preciso que as candidaturas também superem”, explica o cientista político Vitor Marchetti.

O cientista político Jairo Nicolau recomenda que o eleitor vote “em candidatos que terão mais dificuldades em atingir a votação mínima”, para garantir o preenchimento das vagas alcançadas pelo partido.

“Na lista de candidatos do partido preferido, pense em votar em candidatos que terão mais dificuldades em atingir a votação mínima. Impossível saber quem já está eleito; mas em muitos casos, é uma boa fugir dos notáveis e dos puxadores de legenda e apostar nos menos conhecidos”, sugere. 

“Vale lembrar que se o partido eleger um número de cadeiras e não tiver o mesmo número de candidatos que atingiram a votação mínima, o partido acaba perdendo p. ex: o partido elegeu 5 cadeiras, mas só 4 candidatos atingiram a votação mínima; o partido fica com apenas 4 cadeiras”, afirma.

A cientista política Lara Mesquita destaca que o sistema brasileiro se chama "sistema proporcional de lista aberta". 

“Nós votamos numa lista de candidatos, e indicamos a preferência de ordenação da lista. Não votamos no candidato C ou Y, votamos na lista”, explica.

“O partido pode perder cadeiras por não ter candidatos que cumpram a "nota de corte", reforça Lara Mesquita.

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