Vamos conversar sobre os desafios e as oportunidades para mulheres que querem crescer profissionalmente
Nos últimos anos, surgiram discussões e interpretações que sugerem que as mulheres estão menos ambiciosas quando se trata de cargos de liderança. No entanto, essa ideia está longe de refletir a realidade.
De acordo com o relatório Women in the Workplace 2023, realizado pela McKinsey & Company em parceria com LeanIn.org, as mulheres continuam sendo tão ambiciosas quanto os homens, e em muitos casos, até mais. O que está acontecendo, então, não é uma falta de ambição, mas sim um crescente desânimo com as barreiras estruturais e culturais que elas encontram no mercado de trabalho.
A pesquisa revela que, ao contrário do que se especula, nove em cada 10 mulheres com menos de 30 anos desejam ser promovidas e 75% delas têm aspirações de alcançar cargos de liderança sênior. Além disso, mulheres negras demonstram ainda mais determinação, com 96% afirmando que suas carreiras são uma prioridade e 88% buscando ascender para níveis mais altos. Esses dados mostram claramente que a ambição não é o problema.
O desânimo com o mercado de trabalho
O verdadeiro motivo pelo qual muitas mulheres parecem estar evitando cargos de liderança está relacionado à falta de preparo das empresas para lidar com as necessidades e desafios únicos que elas enfrentam. Um dos maiores obstáculos é o chamado rung quebrado, a primeira promoção crítica na carreira que as mulheres muitas vezes não recebem. Ou seja, se a mulher não receber sua primeira promoção na mesma época que homens recebem a primeira promoção, essa é uma situação crítica e, segundo a pesquisa, isso pode comprometer seu avanço para cargos maiores.
Para cada 100 homens promovidos ao nível de gerente, apenas 87 mulheres são promovidas, e essa discrepância é ainda maior entre mulheres negras. Soma-se a isso a diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo.
Além disso, a sobrecarga que recai sobre as mulheres, especialmente aquelas que acumulam responsabilidades domésticas, é um fator desmotivador. A ausência de políticas de apoio à flexibilidade no trabalho, aliada à prevalência de microagressões e à falta de inclusão nas culturas organizacionais, faz com que muitas mulheres se sintam desvalorizadas e menos dispostas a aceitar cargos de liderança.
A solução não está nas mulheres, mas no mercado
O desânimo das mulheres em relação a cargos de liderança não vem de uma falta de ambição, mas de uma percepção clara de que o mercado de trabalho ainda não está pronto para recebê-las de maneira justa e inclusiva. Empresas precisam repensar suas políticas de desenvolvimento de talentos, especialmente no que diz respeito à diversidade, equidade e inclusão. Isso envolve desde garantir que as mulheres sejam promovidas nos estágios iniciais de suas carreiras até criar ambientes onde elas possam prosperar sem se preocupar com preconceitos ou microagressões.
Empresas que promovem uma cultura de flexibilidade e apoio têm mais sucesso em manter mulheres em seus quadros e, ao fazer isso, colhem os benefícios de uma força de trabalho mais diversificada e inovadora. Como mentora de mulheres líderes, percebo que é essencial promover essa discussão e incentivar as empresas a transformarem suas práticas para melhor acolher e valorizar as mulheres, que continuam tão determinadas, preparadas e capacitadas quanto antes a fazer a diferença no mercado.
As mulheres não estão menos ambiciosas; elas estão apenas cansadas de enfrentar barreiras que limitam suas oportunidades. O mercado de trabalho precisa evoluir e reconhecer o valor dessas profissionais, oferecendo suporte, flexibilidade e uma cultura verdadeiramente inclusiva para que possam atingir todo o seu potencial de liderança. Só assim poderemos ver um aumento real na participação feminina em posições de destaque, tanto em termos de número quanto de qualidade. O que as empresas precisam entender é que com isso as mulheres ganham, mas quem também ganha são as empresas, que estarão retendo talentos e aumentando suas soluções e lucro.