Mulheres gerentes recebem 25% a menos que homens que ocupam as mesmas funções

Enquanto a renda média das mulheres negras é de R$ 3.040,89, os homens não-negros recebem em média R$ 5.718,40

Thais Cassano

Liderança Feminina, por Thais Cassano

Vamos conversar sobre os desafios e as oportunidades para mulheres que querem crescer profissionalmente

Políticas de incentivo à diversidade ainda têm um longo caminho a percorrer
Políticas de incentivo à diversidade ainda têm um longo caminho a percorrer
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O Brasil testemunhou um marco histórico com o lançamento do primeiro Relatório Nacional de Transparência Salarial, divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta segunda-feira. As conclusões não são nenhuma novidade, porém, com dados em mãos, elas se tornam uma realidade a ser combatida de forma mais direta pelo mercado de trabalho.

Você, mulher que ocupa uma posição de liderança no mercado precisa saber desses dados. Então, vamos lá!

O relatório, que abrangeu 49.587 empresas com 100 ou mais funcionários, revelou que as mulheres brasileiras recebem em média 19,4% menos do que os homens que ocupam as mesmas funções. Esse gap salarial entre homens e mulheres aumenta ainda mais em cargos de gerência, alcançando 25,2%.

Quando se trata de mulheres negras, elas enfrentam uma dupla discriminação: além de serem uma minoria absoluta no mercado de trabalho formal, recebem salários significativamente mais baixos em comparação aos homens não-negros. Enquanto a renda média das mulheres negras é de R$ 3.040,89, os homens não-negros recebem em média R$ 5.718,40, o que representa uma disparidade alarmante. Sim! Exercendo a mesma função! Com as mesmas responsabilidades!

O Distrito Federal apresenta a menor diferença salarial entre homens e mulheres, com elas recebendo 8% a menos do que os homens. No entanto, essa desigualdade persiste em todo o país, com São Paulo liderando em número de empresas participantes e refletindo a desigualdade média nacional, onde as mulheres recebem 19,1% menos do que os homens.

Vamos então ver alguns números importantes antes de refletirmos juntas o que nós temos a ver com isso:

  • as trabalhadoras brasileiras recebem um salário 19,4% menor do que os homens que desempenham as mesmas funções;
  • a diferença salarial entre homens e mulheres em cargos de direção e gerência chega a 25,2%;
  • o rendimento médio das mulheres negras é de R$ 3.040,89, representando apenas 53% da média salarial dos homens brancos, que têm a maior remuneração média; 
  • 32,6% das empresas implementam políticas que visam incentivar a contratação de mulheres;
  • 38,3% das empresas têm estratégias para promover mulheres a cargos de liderança, como direção e gerência; 
  • 26,4% das empresas possuem políticas específicas de contratação voltadas para mulheres negras; 
  • 23,3% das empresas adotam políticas de contratação para mulheres com deficiência; 
  • 20,6% das empresas têm políticas de contratação direcionadas para mulheres LBTQIAP+; 
  • 22,4% das empresas implementam políticas de contratação destinadas a mulheres chefes de família; 
  • apenas 5,4% das empresas estabelecem políticas de contratação para mulheres vítimas de violência.


As políticas de incentivo à diversidade ainda têm um longo caminho a percorrer. Apenas uma parcela das empresas relatou ter políticas específicas para contratação e promoção de mulheres, especialmente para grupos mais marginalizados, como mulheres negras, com deficiência, LBTQIAP+, chefes de família e vítimas de violência.

Diante dessas constatações, as empresas serão notificadas pelo Ministério do Trabalho e terão 90 dias para elaborar um Plano de Ação para Mitigação da Desigualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios, visando reduzir as disparidades salariais injustificadas.

Mas, nós, mulheres líderes, não precisamos e nem devemos esperar qualquer tipo de notificação para agirmos. É importante que percebamos que quanto mais mulheres em cargos de tomada de decisão, mais essa realidade tende a ser mudada dentro das empresas.

É possível ter uma postura estratégica na liderança e trazer com você as pautas de desigualdade de gênero, sem que seja no âmbito da diversidade e sim, mostrando a seus pares e superiores, que diminuir a desigualdade de gênero é sim uma questão de negócio.

Quanto mais representatividade tivermos, mais mulheres ocuparão cargos de liderança e poderão ter a voz necessária para mudar o mercado de trabalho, trazendo mais equidade de gênero às empresas.