Coelho não é brinquedo: grandes redes suspendem adoções na Páscoa

Campanhas promovem conscientização e alertam para decisões por impulso que levam ao abandono

Meu Amigo É o Bicho!

Juliana Finardi é jornalista e é mãe de pet. Já escreveu para o UOL e jornais impressos como Agora SP, Diário do Grande ABC e outros tantos entre reportagem e edição. Ainda acredita na humanidade, mas acha que pet é melhor que muita gente

Raul e Fiver foram adotados em época fora da Páscoa
Raul e Fiver foram adotados em época fora da Páscoa
Divulgação

Época de Páscoa não tem como fugir do assunto: coelhinhos são os animais mais lembrados e festejados em torno da data. Mas será que é um bom momento para se adotar? Na opinião das grandes redes do mercado pet, Cobasi e Pets, a resposta é não!

Ambas aproveitam a data para suspender a exposição de coelhos nas lojas e, consequentemente, as adoções. Com a campanha Coelho não é Brinquedo, a Cobasi quer se posicionar e conscientizar para a guarda responsável. Até o dia 31 de março (domingo), as mais de 230 lojas da rede em todo o país suspendem as vendas não só de coelhos, mas também de roedores.

A iniciativa da empresa veio da percepção de que, como o coelho é reconhecido como um dos símbolos da festividade de Páscoa, havia maior interesse pela compra destes animais no período. Porém, após a celebração, ocorre o aumento nas devoluções, abandono ou entrega para cuidados de terceiros, pois eram compras por impulso e, muitas vezes, para presentear crianças.

“Precisamos atuar na conscientização de nossos clientes sobre as responsabilidades de ter um pet, um ato que não pode ser realizado por impulso. Queremos que nossos clientes compreendam que ter um coelho demanda espaço, cuidados, tempo e gastos financeiros. Portanto, optamos por suspender as vendas neste período, e criamos um material informativo que visa orientá-los sobre as considerações essenciais antes da aquisição”, diz a gerente de marketing da Cobasi, Daniela Bochi.

Raul e Fiver agradecem. Os dois simpáticos coelhinhos hoje têm um lar para chamar de seu, porém, um dia já esperaram ansiosamente por uma família que os adotasse.

“Minha esposa teve uma coelhinha quando era criança e, por acaso, vendo uma ONG de coelhos, despertou nela a vontade de fazer lar temporário para eles. Entrou em contato com a ONG e nos disponibilizamos a abrigá-los até chegarem o Raul e o Fiver. Eles foram a ‘segunda leva’ de coelhos que vieram para casa e se sentiram super à vontade. Nos apaixonamos por eles. Por isso acabaram ficando e os adotados”, diz o especialista em vídeos para a internet Eduardo Rico, 36 anos.

Apesar de afirmar que ter um coelhinho em casa e conquistar sua confiança “é maravilhoso”, Rico alerta ser preciso pesquisar muito antes de se adotar um coelho. Assim como outros animais de estimação, a adoção por impulso pode ser um péssimo negócio tanto para a família quanto para o bichinho, principalmente porque ele pode terminar abandonado.

“Estimulados pela fofura dos bichinhos, do preço e da época do ano, muitas pessoas acabam comprando o animalzinho sem ter conhecimento de como cuidá-lo. Não sabem nem como é o temperamento dos coelhos e então dias, semanas ou poucos meses depois, acabam abandonando”, diz o tutor da dupla Raul e Fiver.

Como chegaram na família ainda bebês, os dois reconhecem os tutores/pais e ficam à vontade no ambiente que aprenderam a confiar. Eles moram em uma casa bem adaptada para as necessidades da espécie contam com uma família que estudou muito para garantir os melhores cuidados a ambos.

O casal de tutores, Juliana e Eduardo, mantém um perfil no Instagram (@pousadadoscoelhos) onde contam sobre as peripécias dos pets e ensinam novos tutores sobre os cuidados e particularidades para se criar um coelhinho.

Além da suspensão das vendas, nos locais onde estariam os animais, a Cobasi disponibiliza um material informativo sobre a campanha, explicando que coelho não é brinquedo e é um pet que precisa de cuidados. O material também tem um QR Code que leva para um texto no blog da Cobasi dando mais detalhes do cuidado com essa espécie.

Também retirando os animais das lojas, a Petz sinaliza com comunicação no local sobre o objetivo por trás dessa retirada. Além disso, por meio de um QR Code disponível no local, é possível acessar o Blog da marca e entender melhor sobre os cuidados com essa espécie tão especial.

“Há alguns anos a Petz realiza essa ação na época da Páscoa, uma data em que os coelhos estão nos holofotes e as pessoas ficam animadas para adquirir o bichinho. Mas uma coisa é o coelho de brinquedo ou de chocolate, outra coisa é o ser vivo que necessita de cuidados e atenção redobrada. Coelhos são animais super companheiros, brincalhões e que possuem personalidades únicas, assim como os cães e gatos. No entanto, muita gente tem dúvida sobre como funciona a adoção de coelhos. Nossa recomendação é que, primeiramente, o tutor interessado procure a equipe técnica do Programa Adote Petz, para sanar as dúvidas sobre adoção de um novo animal. Havendo interesse na adoção, encaminhamos à ONG parceira para seguir com o processo de entrevista e orientações” avalia Giulliana Tessari, gerente técnica do Grupo Petz.

Raul e Fiver foram adotados fora da época da Páscoa. A ONG responsável por eles também pausa as adoções nesta época do ano.