Conheça Zeus, o pitbull dócil que desmistifica o preconceito contra raça

Tutora alerta para criação responsável que atenda necessidades dos cãezinhos

Meu Amigo É o Bicho!

Juliana Finardi é jornalista e é mãe de pet. Já escreveu para o UOL e jornais impressos como Agora SP, Diário do Grande ABC e outros tantos entre reportagem e edição. Ainda acredita na humanidade, mas acha que pet é melhor que muita gente

Ieda adotou Zeus aos 10 meses e está sempre atenta às necessidades do cãozinho
Ieda adotou Zeus aos 10 meses e está sempre atenta às necessidades do cãozinho
Arquivo Pessoal

Se depender do Zeus, toda a fama que os pitbulls têm de serem cães perigosos e violentos cai em menos de dois segundos. Cachorro dócil, amigável, que se dá bem com crianças, gatos e outros cães é o xodó da psicóloga Ieda Coppini Gruber, de 65 anos.

Mãe humana de outros dois doguinhos, a Tayla e a Violeta, além de mais 9 gatos (número controverso porque alguns felinos vivem no telhado, mas todos são considerados filhos e ponto final), Ieda acredita que o comportamento por vezes violento em alguns pitbulls tem 100% de relação com a criação que eles tiveram.

“Aqui na minha família sempre tivemos experiências muito boas com pitbulls, uma raça que gosto muito. Vou ser bem clara: eles têm um potencial perigoso. O Zeus, por exemplo, nunca gostou de ficar confinado. Quando chegou (foi adotado por ela aos 10 meses após passar por poucas e boas vivendo em um centro de zoonoses), ele ficava sempre agitado quando preso em algum lugar, sem poder sair. Então, parei de deixá-lo contido em algum lugar. Só não deixo sair para a rua, mas pela casa toda ele circula.”

Outra estratégia que ela usou para confortar o Zeus foi dar uma naninha para ele. “Sempre que alguém estranho chegava, eu falava: ‘vai lá buscar sua naninha’. E ele ia. Foi uma forma que encontrei de dar carinho, de mostrar que ele estava acolhido aqui. Até hoje ele dorme com essa naninha na boca.”  Zeus hoje já é um senhor de muito respeito com 12 anos.

O problema, na opinião de Ieda, é que alguns ‘humanos tutores', (assim mesmo, entre muitas aspas) tratam esses animais de forma muito agressiva, além de prendê-los, o que os deixa muito estressados. “E eles são grandes, precisam correr, pular e brincar. Tem um momento do dia que o Zeus corre pela casa, ao redor da mesa. Ele precisa gastar energia. Imagine se morasse em um ambiente pequeno, sem atenção nem tempo para fazer tudo que gosta?", pergunta ela. Zeus é um pit caramelo e branco que pesa cerca de 32 quilos.

O apontamento da psicóloga para as necessidades de Zeus, na verdade, serve para qualquer raça agitada e com anseios de companhia, espaço e gasto de energia. Imagine um cãozinho de pequeno porte, mas super agitado, vivendo sozinho o dia todo em um apartamento. É a combinação perfeita para um fracasso seguido de frustração e ansiedade por parte de humanos e animais.

É exatamente por isso que os especialistas recomendam que o candidato a tutor pesquise muito e saiba ao certo quais as características da raça que pretende adotar e se esses aspectos dão match com a casa e a família interessada na adoção. “Quando a pessoa adota um animal, tem de entender que isso é para o resto da vida do bichinho. Se vai viajar e não tem como garantir os cuidados com o pet durante o período de ausência ou condições de arcar com as despesas e atender as necessidades do bichinho, não pode adotar. Se não tem condições, não adote!”, alerta.

A adoção responsável está na ordem do dia de todos os debates sobre pets e abandono. O que falta é se discutir mais a criação responsável, onde tutores também devem arcar com as responsabilidades sobre o comportamento (agressivo ou não) de seus pets.