O criador de “Breaking Bad”, Vince Gilligan, não imaginava o sucesso da série, cuja primeira temporada está sendo exibida aos domingos pela Band. Em entrevista exclusiva, em vídeo, ao Zeca Camargo, apresentador do 1001 Perguntas, ele afirma “que nem nos seus maiores sonhos” pensava que a produção se tornaria fenômeno mundial.
“Se eu imaginasse que estávamos fazendo algo especial no início quando eu criei ‘Breaking Bad’, eu teria ficado paralisado, com muito medo e intimidado. Eu só queria contar uma boa história, eu não estava tentando inovar, só queria contar uma história interessante, serializada. Nem nos meus maiores doidos sonhos eu imaginava que ‘Breaking Bad’ se tornaria sucesso internacional. Sinto que ganhei na loteria, eu sou muito sortudo”, comemora.
Estrelada por Bryan Cranston, que dá vida ao emblemático Walter White, e por Aaron Paul, que interpreta Jesse Pinkman, "Breaking Bad" acompanha a história de um professor de química que, ao ser diagnosticado com câncer terminal, parte em uma jornada que o transformará em um perigoso traficante de metanfetamina. A série teve 5 temporadas produzidas pela rede de TV AMC e comprada pela Netflix.
Vince Gilligan conta que, na época da concepção, “Breakind Bad” chegou a ser rejeitada pela maioria dos estúdios e companhias. “Exceto pela AMC Networks. Sou verdadeiro grato a eles, que depois fizeram acordo com a Netflix. Bem no início, quando começamos a gravar, a Netflix começou seu serviço de streaming. Tivemos sorte com o timing”, diz. “Não estou sendo falso modesto quando digo que não sabia o que estava acontecendo. Eu era leigo. Fui o último a entender o que era o streaming, que era uma outra forma das pessoas assistirem à série”, complementa.
Questionado por Zeca Camargo qual abordagem usou para convencer o streaming a fazer algo que eles não estão esperando, Gilligan respondeu que o segredo é fazer um bom trabalho diferente dos demais. “E vibre por sorte. Eu não imaginei o quão diferente ‘Breaking Bad’ era”, afirma.
Jesse Pinkman morreria na primeira temporada
O primeiro episódio de “Breaking Bad” foi ao ar em janeiro de 2008. A série, que não contava com nenhuma grande estrela do cinema ou tinha um nome conhecido em seus bastidores, começou discreta e terminou como um fenômeno cultural que transformou para sempre a televisão.
Gilligan e sua equipe transformaram personagens, mudaram ideias que tinham antes da série e se abriram para oportunidades que apareceram no meio do caminho. Um dos exemplos é o ator Aaron Paul, que interpretou Jesse Pinkman. A ideia inicial de Gilligan era matar o personagem logo na primeira temporada. Porém, o criador viu que havia uma excelente química entre Bryan Cranston e Paul.
“Eu não sabia o quão maravilhosos eram os atores que a gente contratou. Na época a gente tinha dois ótimos produtores de elenco que encontraram esses atores maravilhosos. No caso do Jesse Pinkman, minha intenção era que ele morresse no final da primeira temporada porque pensei que ele não seria um personagem importante, mas o ator Aaron Paul é tão bom, fez o papel tão bem que dá vontade de assisti-lo”, afirma.
Sucesso do spin-off Better Call Saul??
A quinta e última temporada de “Breaking Bad” foi ao ar em 2013, deixando um legado de fãs órfãos. Foi então que Gilligan e os produtores decidiram dar uma continuidade na história, mas com foco em outro personagem de destaque: o advogado criminal Saul Goodman. Foi então que surgiu “Better Caul Saul”. O criador conta que a ideia começou com uma brincadeira da equipe.
“Quando ele aparece na série, a gente brincou: ‘precisamos fazer spin-off’. E todo mundo riu. As pessoas acharam que era piada. Quando ‘Breaking Bad’ acabou, a gente voltou a conversar e pensamos: ‘vamos nessa e ver o que dá’. É interessante e eu não sei quais foram as minhas razões para querer fazer [Better Caul Saul]. Não era por dinheiro. Claro que é ótimo, mas eu amava a equipe, amava a experiência, amava gravar no México”, contou Gillian.
A história de “Better Call Saul”, que estreou em 2015, conta a história do advogado James Morgan "Jimmy" McGill (Bob Odenkirk) seis anos antes de sua aparição em “Breaking Bad”, mostrando sua trajetória e seus problemas até se tornar o infame Saul Goodman. A série estreou sua sexta e última temporada em abril deste ano na Netflix.
Questionado se pretende dar sequência em mais alguma história envolvendo o mundo de “Breaking Bad”, Vince Gilligan respondeu que tem vontade, porém medo. Mas não descartou a possibilidade. Porém, o criador conta que já está trabalhando em outros projetos que nada tem a ver com os sucessos anteriores. “Até agora só mostrei para a Sony, estúdio que eu trabalho. Estou animado em tentar vendê-lo, mas não tem nada a ver com ‘Breaking Bad’ e “Better Caul Saul". Mas vou sentir saudade deste universo. Talvez eu revisite daqui a alguns anos”, avisa.