Convidado do programa “Do Bom e do Melhor”, da Rádio Bandeirantes, deste sábado (28), Flávio Venturi abriu o baú de memórias ao apresentador Danilo Gabatto. Dentre as histórias do músico, as quais se mesclam com a da própria Música Popular Brasileira, Flávio relembrou encontro inusitado com Renato Russo, em gravadora, que resultou [apenas] no clássico “Mais Uma Vez”.
Após oito anos no 14 Bis, Flávio Venturini se jogava na carreira solo. Na nova gravadora, conheceu os “meninos” do Legião Urbana. “A gente estava na mesma gravadora, fui apresentado ao Renato, eles eram muito meninos...”, relembra. “Ele me falou que era fã do grupo ‘O Terço’, que gostava da música “Criaturas da Noite” – o que achei engraçado, porque ela era todo roqueiro”, complementa. “Uma amiga [em comum] me disse que ele [o Renato] era especial, e achei curioso conhecê-lo”.
Algum tempo depois, na mesma gravadora, Renato Russo viu Flávio ensaiar uma canção, pediu para criar uma letra para ela e voilà: o clássico “Mais Uma Vez” nascia. “ Eu tinha o hábito de chegar mais cedo na gravadora. Naquele dia, estava ensaiando o disco, tocando sozinho. Renato entrou, pediu para ficar ali, me ouvindo...”, conta em entrevista à Rádio Bandeirantes. “Ele ouviu a canção, perguntou se tinha letra e eu disse que não. Hoje, aliás, tenho essa letra [o primeiro rascunho do Renato] em um quadro, em casa”.
Flávio contou que Renato escreveu a letra, depois modificou um pouco, e, por fim, gravaram “Mais uma Vez” juntos, mas a canção só se transformou em um sucesso nacional anos depois. “Depois do falecimento dele, fizeram um disco póstumo, chamado ‘Presente’ (2003). Extraíram essa voz do Renato, dessa gravação que fizemos anos antes. Produziram um novo arranjo e a música foi direto para uma novela... É uma das músicas que as pessoas mais cantam no meu show”, completa.
Apesar do clássico com Renato Russo, Flávio confessa que a canção mais importante de sua carreira é “Nascente” – interpretada também por Milton Nascimento. “Ela é a chave que abriu minha carreira como compositor, é a minha canção mais gravada – tem mais de 50 gravações – inclusive fora do Brasil por grandes músicos do Jazz”, conta. “Fico muito honrado por receber tantas gravações de nascente e muita gente que gosta de música, me fala dela”.
Flávio, que hoje também é letrista, diz que segue compondo músicas em sua casa e que tem “tesouro” guardado. “Continuo compondo, tenho ideias guardadas que são o tesouro que tenho, que é minha obra ainda inédita.”