
Nesta quinta-feira (23), foram anunciados os indicados ao Oscar 2025. Pela primeira vez desde 1999, o Brasil ressurgiu na lista de Melhor Filme Internacional com o longa “Ainda Estou Aqui”. Esta é a quinta vez que o país entra nessa categoria, apesar de jamais ter levado o prêmio. E foi a primeira vez que uma produção nacional foi indicada ao prêmio de Melhor Filme.
Além disso, o filme foi indicado ao prêmio de Melhor Filme e Fernanda Torres, que já vinha fazendo um sucesso estrondoso entre a crítica internacional e vencido o Globo de Ouro, está indicada entre as melhores atrizes.
Ela concorre com Cynthia Erivo por Wicked, Karla Sofía Gascón por Emília Pérez, Mikey Madison por Anora e Demi Moore por A Substância.
"Ainda Estou Aqui" concorre ao título de Melhor Filme Internacional com The Girl With The Needle, Emília Pérez, The Seed Of The Sacred Pig e Flow. Além de concorrer ao prêmio de Melhor Filme com Anora, O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Emília Perez, Duna: Part Two, Nickel Boys, A Substância e Wicked.
O anúncio dos indicados às 23 categorias foi feito pelo site oficial e redes sociais da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e os atores Rachel Sennott e Bowen Yang foram os apresentadores.
Sucesso de Fernanda Torres e “Ainda Estou Aqui”
Fernanda Torres, que interpreta a protagonista Eunice Paiva, importante advogada e ativista dos direitos humanos no Brasil, especialmente conhecida por sua atuação durante a ditadura militar (1964-1985), em “Ainda Estou Aqui”, ganhou um destaque positivo da crítica internacional.
Aos 59 anos, a atriz foi destacada pela revista "Vanity Fair" como um "ícone global", em uma edição que celebra seu impacto na indústria cinematográfica. Tanto a atriz, quanto o filme, já foram muito premiados. Recentemente, Torres foi eleita a melhor atriz no Globo de Ouro e agora, foi indicada ao Oscar.
Conforme dados da Sala Digital Band e Google, apurados nessa quinta (23), após a indicação da brasileira, Fernanda Torres é a atriz com maior interesse entre as indicadas ao Oscar de Melhor Atriz em 2025.
Além disso, “Ainda Estou Aqui” é o segundo filme de língua estrangeira com maior interesse nas buscas internacionais no Google. O longa brasileiro perde apenas para "Emília Perez", sendo o filme de língua não inglesa com mais indicações ao Oscar.
Escrito e dirigido por Jacques Audiard, "Emília Pérez" conta a história de uma traficante transsexual que decide passar pela cirurgia de redesignação de gênero. O filme é protagonizado pelas atrizes Zoe Saldaña, Selena Gomez e Karla Sofía Gascón.
O longa concorre nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz, Melhor Direção, Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Música Original, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som, Melhor Trilha Sonora e Melhor Fotografia.
Tanto "Emília Pérez" quanto “Ainda Estou Aqui”, abriram vantagem nas buscas no Google após a divulgação dos indicados ao Oscar nesta quinta-feira (23). Isto é, foram os filmes que causaram mais curiosidade entre os fãs de cinema.
Sobre o que fala o filme “Ainda Estou Aqui”?
"Ainda Estou Aqui" é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva que conta a história de sua mãe, Eunice Paiva. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro interpretam o papel de Eunice em diferentes idades.
A jornalista especializada em cinema e colunista de BandNews FM, Flavia Guerra, analisou a importância das indicações. Para ela, o filme mostrou que o cinema brasileiro "resistiu muito nesses últimos anos".
Walter Salles, diretor do longa-metragem, afirmou em entrevista à jornalista que sua maior realização com o filme foi acompanhar três milhões de pessoas assistindo ao filme no cinema, contando as histórias de seus avós, e aprendendo sobre a história do Brasil.
"O Oscar bate lá fora e reverbera aqui dentro (...) é uma escolha muito consciente do Walter. Existem muitas abordagens sobre um tema e não tem isso de ‘já deu de filme de Ditadura’. O que dá [o tom] é a abordagem. É a gente entender a dimensão humana do que é uma Ditadura. São famílias destruídas. A família da Eunice não foi a única. O Chile tem milhares de desaparecidos, Argentina também. É uma história não só latino-americana, mas muito latino-americana", disse Flavia Guerra.
Para ela, a identificação do público internacional com o filme vem da consciência dos horrores de uma Ditadura. “O filme foi exibido na Itália e a Itália também sabe o que é o fascismo de fato. E o filme foi muito bem recebido por lá. Eu acho que a ressonância desse filme com público internacional vem disso."