
Fernanda Torres segue firme na campanha pelo Oscar. Neste sábado (15), a artista estampa a capa da revista “The Hollywood Reporter”. Em uma longa entrevista ao veículo, um dos principais do mundo do entretenimento norte-americano, a artista falou sobre as expectativas dos brasileiros pela premiação e sobre a importância de Eunice Paiva, a personagem que interpreta em “Ainda Estou Aqui”.
A artista citou uma cena do longa na qual Eunice leva os filhos a uma sorveteria e entende ali que seu marido, Rubens Paiva, ex-deputado preso e assassinado pela Ditadura, jamais voltaria para casa. Após a gravação, ela relatou que chegou a chorar no meio da rua.
“Isso não acontece comigo normalmente. Mas eu senti a presença de Eunice. Não foi nada espiritual, a personagem estava lá comigo”, frisou Fernanda.
Ao falar sobre a Ditadura no Brasil, a artista relembrou que sua mãe, Fernanda Montenegro, chegou a receber ameaças de morte e que chegou inclusive a ser interrogada.
“Eles perguntaram à minha mãe: ‘Por que você riu quando ele disse isso’. Ela congelou. Meu pai disse: 'Vocês estão enganados, não é a risada dela. Eles convenceram os agentes e deixaram ela ir. Pessoas foram mortas [na Ditadura]. Uma bomba explodiu em um estádio. Minha mãe recebeu ameaças de morte em um teatro. Teve uma ligação dizendo que se ela subisse ao palco, seria morte”, relembrou.
A palavra que uso para Eunice Paiva é ‘civilidade’. Ela foi um ser humano civilizado e estava vivendo em um momento não civilizado da história. Ela teve que ser três vezes mais civilizada.
Ao mesmo tempo, a artista falou com carinho do apoio que tem recebido de fãs brasileiros nas redes sociais.
“As pessoas estão muito animadas. Eu podia sentir isso em Portgual também. Elas chegavam até mim nas ruas muito emocionadas. Eu estou meio acostumada [com a atenção], porque toda minha vida vive com minha mãe. Minha vida não mudará tanto”, frisou.