Incesto, pedofilia e ninfomania: veja os motivos para "Tieta" chocar o século 21

As tramas proibidas e polêmicas de novela que será reprisada a partir de dezembro desafiou tabus na televisão brasileira

Da Redação

Incesto, pedofilia e ninfomania: veja os motivos para "Tieta" chocar o século 21
Betty Faria
Globo/Divulgação 

Exibida pela Rede Globo entre 1989 e 1990, Tieta marcou época como uma das novelas mais populares do horário nobre, mas também como uma das mais controversas. No dia 2 de dezembro, a trama volta a ser apresentada pela emissora no “Vale a Pena Ver de Novo”. 

Inspirada no romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, a trama escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares encantou o público com seu humor ácido, críticas sociais e personagens cativantes. 

No entanto, por trás do tom leve, a novela abordou temas sensíveis que geraram debates acalorados e foram alvo de polêmicas. Depois de 35 anos, o mundo mudou e muito do que é mostrado não passaria impune nos dias de hoje.

Sobre o que fala a novela Tieta?

A história começa quando Tieta é expulsa de casa pelo pai, o rígido Zé Esteves, após ser acusada de "comportamento indecoroso". Após 25 anos, a mulher retorna à cidade natal como uma mulher rica e glamourosa, disposta a confrontar o passado e desafiar a hipocrisia dos moradores locais.

Sua chegada causa grande alvoroço em Santana do Agreste, especialmente na família, que inclui a irmã Perpétua, uma mulher amarga e moralista. Rica, requintada e exuberante, ela está disposta a se vingar de todos que a trataram mal. 

Incesto 

Percebendo que nada mudou em Santana do Agreste, uma cidade repleta de pessoas paradas no tempo, para chocar mais a família, e se vingar, ela passa a ter um romance com o próprio sobrinho. O jovem seminarista Ricardo, é filho da sua rancorosa irmã Perpétua, que sonha que o filho se torne padre.

A relação entre tia e sobrinho demorou a ser aceita pelo público e rendeu problemas para a Globo com a Igreja Católica, que recriminou a exibição de um caso incestuoso envolvendo um seminarista. 

Pedofilia 

O coronel Artur de Tapitanga era um personagem pedófilo. Na trama, o homem abusava sexualmente das meninas, às quais chamava de "rolinhas". Ele seduzia garotas menores de idade e as levava para sua casa, onde oferecia também alimentação e alfabetização. Só uma garota se recusou a ceder favores sexuais ao senhor. 

Na época, o assunto não causou tanta revolta no público quanto causaria atualmente. 

Ninfomania

A personagem Laura, que era esposa do comandante Dário era ninfomaníaca, transtorno caracterizado por um excesso no apetite sexual. Na novela, ela mostrava não se satisfazer apenas com o marido (que tinha uma amante), e o traía com diversos homens na cidade escondida sob o nome de "Mulher de Branco". 

Diziam que ela “atacava homens indefesos” em noites de Lua Cheia. A identidade de Laura só foi revelada no final da novela. 

Nudez e Machismo

A abertura de Tieta, escrita por Aguinaldo Silva, tornou-se icônica por sua sensualidade. Nela, a atriz e modelo Isadora Ribeiro surgia completamente nua, em cenas que intercalavam imagens de praias deslumbrantes do litoral de Sergipe com close-ups de seu corpo.

A fotografia era marcada por iluminação suave e artística, que criava um efeito de mistério, mas sem esconder os seios da atriz, exibidos com naturalidade. Ao som de "Tieta", interpretada por Luiz Caldas, a vinheta era provocadora para os dias atuais. Além de reforçar o machismo que já era escancarado na novela. 

Perpétua, uma das personagens mais marcantes de Tieta, dedicava-se a monitorar de perto a vida sexual dos moradores da fictícia Santana do Agreste. Sempre munida de um discurso moralista, ela julgava e criticava especialmente as mulheres, utilizando os padrões de "moral e bons costumes" como justificativa para suas atitudes.  Hoje, seu comportamento seria associado ao machismo.

Além disso, preconceito e expressões pesadas e apelativas também faziam parte da trama. Tal como o próprio fanatismo religioso de Perpétua. 

Cortes na reprise

Apesar dos assuntos terem repercutido muito, em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo, Gabriel Jacome, diretor de gestão de conteúdo da Globo, diz que a reexibição da trama eternizada por Betty Faria deve passar por algumas adaptações para se adequar ao público. 

Ou seja, tanto a abertura da novela, quanto outros temas polêmicos podem ser censurados no “Vale a pena ver de novo”. "Como outras reprises, a novela pode apresentar adaptações (edições ou ajustes) em seu conteúdo para se adequar ao horário de exibição", informou Jacome.

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