Masterchef

Para tudo! Por que o tempo da Ana Paula Padrão parece passar mais rápido que o normal

Fernanda Frozza

Ana Paula Padrão faz sua tradicional contagem desde o primeiro episódio do MasterChef
Ana Paula Padrão faz sua tradicional contagem desde o primeiro episódio do MasterChef
Reprodução

Se você já esteve atrasado para um voo, sabe bem como tempo passa voando até chegar na sala de embarque. Por outro lado, se já pediu uma pizza sexta à noite, quando estava com muita fome, lembra como o relógio ficou arrastado até finalmente a comida chegar na sua casa. Dependendo das nossas emoções, o tempo retrai ou expande. E os participantes do MasterChef sentem bem o gostinho dessa sensação. Por mais que o relógio esteja ali na cozinha durante toda a prova e Ana Paula Padrão faça sua tradicional contagem desde 2014, quando o primeiro episódio do programa foi ao ar, alguns cozinheiros simplesmente não conseguem administrar o tempo.

Prova disso é que o talent show coleciona alguns episódios em que os competidores foram eliminados por não cumprirem a tarefa. “É como se, de alguma forma, dos 10 minutos aos 10 segundos finais só tivesse passado 1 minuto”, explica Tatiana, que não conseguiu servir sua sobremesa no MasterChef Profissionais, na temporada 3. “Não é soberba, mas acho que o que me eliminou foi o tempo”, explica Keff, que também não finalizou os três pratos em sua participação na temporada 2020.
 


E isso não acontece só em situações pontuais, mas durante toda a vida. Você já deve ter ouvido por aí que os anos parecem passar mais rápido a medida que envelhecemos, certo? Um artigo publicado pelos pesquisadores Sylvie Droit-Volet e John Wearden no jornal científico The Quarterly Journal of Experimental Psychology aponta que, diferentemente do que se imagina, a experiência de passagem do tempo não tem a ver com idade, mas com nosso estado emocional.

O psicanalista Ronaldo Coelho, mestre em Psicologia Institucional pela Universidade de São Paulo (USP), explica que o tempo não é o que vemos ali nos ponteiros, mas sim uma construção da nossa mente. “Essa noção de tempo depende de uma faculdade mental que nos posiciona frente a uma sequência de acontecimentos e sua velocidade. Ou seja, o tempo será sempre mais curto se tivermos muitas coisas a serem feitas naquele período ou se estamos felizes. Do mesmo modo, quando não vemos a hora que ele acabe, em momentos de tédio, por exemplo, é quando ele mais demora a passar”, aponta.


Quando precisamos executar uma atividade muito aguardada sob pressão, seja uma aula, uma apresentação ou uma prova no MasterChef, é natural que o tempo “voe”. A ciência explica que, nesse momento, ocorre a ansiedade ativa, quando o organismo entra em estado de alerta e libera adrenalina e cortisol. Além disso, a pressão sanguínea, o nível de açúcar no sangue e a dopamina, neurotransmissor estimulante, aumentam, o que causa essa sensação de corrida contra o relógio. “A concentração dispendida na tarefa também contribui para que o tempo passe mais rápido, por desligamos outros marcadores temporais para focar nossa atenção na melhor execução possível”, explica o especialista.

Essa sensação é maior quando se trata de uma experiência nova. Isso porque, para quem é chef profissional e serve diariamente clientes em um restaurante lotado, por exemplo, a prática e a execução da tarefa se tornam o marcador temporal. “A pessoa interioriza o quanto de ações cabem naquele período de tempo, na velocidade que ela consegue fazer, e passa a se organizar em melhor sintonia com o relógio”.

Então, quando participantes dizem que o relógio do MasterChef e a contagem de Ana Paula Padrão parecem passar mais rápido que o normal, acredite, eles falam sério.

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