Especialista lamenta alta nos casos de feminicídio no Brasil: "Morte evitável"

Em reportagem especial sobre o mês das mulheres, a advogada Alice Bianchini chamou a atenção para a alta nos casos de feminicídio no Brasil

Da Redação

Além de ser o mês para celebrar a participação feminina na sociedade, março é um convite para refletir sobre a integridade na mulher em nossa sociedade. No Melhor da Noite desta quinta-feira (07), a repórter Bárbara Damasceno conversou com a advogada Alice Bianchini, especialista no feminicídio, para falar sobre um dado preocupante: o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo.

Em média, quatro mulheres são mortas todos os dias, totalizando mais de 1400 vítimas apenas em 2023. De acordo com Alice Bianchini, o principal desafio da justiça brasileira é trabalhar justamente a prevenção desses atos. “O que a gente não quer é que aconteça um crime e só depois a gente vá correr atrás de uma punição”, disse. “A gente quer que não aconteça o crime e para fazer essa prevenção, é a educação”, explicou.

A especialista destacou a importância de ser suporte para as mulheres vítimas de agressão, mas chamou a atenção para um ponto que julga ser importante: quem fala com os homens agressores? 

“Nós precisamos conversar com os homens sobre a doença, a gente pesquisa sobre as mulheres, por que elas morrem, qual idade elas morre, onde elas morrem... Mas quando a gente vai perguntar para os homens por que eles praticam essa violência contra a mulher, por que continuam praticando violência e não se separam dessa mulher? Muitas vezes, inclusive, agridem na frente dos filhos... Nós temos que conversar com as mulheres, é claro, mas tem que conversar com os homens... Precisamos falar com a sociedade. O que está tão doentio na nossa sociedade ao ponto de sermos o quinto país que mais mata mulheres no mundo?”, refletiu a advogada.

Alice Bianchini ainda avaliou o perfil das vítimas de feminicídio no Brasil, que mostra que a maioria das vítimas morre em casa, e lamentou: “A casa não é um lugar seguro para a mulher brasileira. Nós estamos mais inseguras dentro de casa do que, por exemplo, em uma balada. É um absurdo pensar uma coisa dessas...”.