Fóssil encontrado no RS depois de enchentes levará meses para ser identificado

Rodrigo Temp Muller, paleontólogo que faz parte do time responsável por encontrar o fóssil de dinossauro no Rio Grande do Sul, explicou quais são os próximos passos da operação

Da Redação

O Melhor da Noite desta terça-feira (16) repercutiu a história do fóssil de dinossauro que foi encontrado no Rio Grande do Sul, após baixa da água da enchente no estado. Durante entrevista, o paleontólogo Rodrigo Temp Muller, que fez parte da equipe responsável pela descoberta, explicou quais são os próximos passos do trabalho e afirmou que ainda levará meses para que os especialistas consigam mais detalhes sobre o dinossauro encontrado.

O especialista explicou que já foi identificado que os ossos pertenceram a um dinossauro carnívoro, mas outros detalhes mais específicos, como a espécie, só poderão ser comprovados depois de meses de estudo. “Para descobrirmos qual espécie o animal pertence, é necessário fazer um trabalho de comparação, um trabalho de anatomia comparada bem detalhado, onde a gente vai averiguar se ele tem características únicas ou então se ele compartilha características com alguma espécie já conhecida”, disse. “Só a partir daí é que a gente vai poder dizer, seguramente, se é uma espécie nova ou não. Sem sombra de dúvidas, pertence a um animal que era carnívoro. A gente consegue constatar isso pela forma dos dentes”, completou.

Rodrigo Muller contou que é possível datar a idade do fóssil por conta da rocha e explicou como ossos como esses conseguem superar os efeitos do tempo e permanecerem intactos. “Ele vem de rochas que têm uma datação que indicam cerca de 233 milhões de anos. É importante destacar que então ele consegue se preservar por tantos milhões de anos pelo fato de que ele não é mais um osso, ele passa a ser uma rocha, então ele preserva a forma daquele esqueleto, ele não tem mais as propriedades do esqueleto”, disse.

A preparação deve levar em torno de alguns meses ainda, pelo menos uns dois meses. E quando eu falo em preparação, eu falo no processo de extração do fóssil de dentro da rocha. Então a gente vai desgastando essa rocha pra expor o que tem de fóssil e por fim remover ele.

O especialista, que trabalha há 12 anos na descoberta de fósseis, contou que a região na qual o dinossauro foi encontrado é muito rica e uma das mais queridas dos paleontólogos. “Inclusive essa aqui é uma região muito rica, então é difícil um paleontólogo vir pra cá e não encontrar fóssil, basta a gente estar indo para sítios, mantendo um trabalho regular de prospecção, que a gente encontra outros fósseis”, finalizou.