Fotógrafa relata pânico e quase morte em incêndio: "Meu peito doeu muito"

Ela contou que ficou cerca de duas horas em uma cachoeira, não viu sinais de fogo, mas foi surpreendida ao iniciar o caminho de volta para o carro

Da Redação

O Melhor da Noite desta terça-feira (20) contou a história da fotógrafa Isis Medeiro, que sobreviveu a um incêndio ambiental, na Serra do Cipó, em Minas Gerais. A mulher contou que estava explorando o lugar com o companheiro, quando foi surpreendida pela chamas e quase sofreu queimaduras graves.

“Eu senti muito medo da morte, do sentimento de insegurança, de não saber o que fazer numa situação como essa. A gente saiu de Belo Horizonte, eu e meu companheiro, para podermos descansar na Serra do Cipó. E a gente estava em busca de uma cachoeira tranquila. Um amigo nos indicou um local. A gente foi entrando na trilha para poder encontrar a cachoeira. A gente olhou ao redor e não vimos nenhum sinal de incêndio na região, que era uma coisa que nos preocupava por uma questão desse período de seca”, disse.

Ela contou que ficou cerca de duas horas em uma cachoeira, não viu sinais de fogo, mas foi surpreendida ao iniciar o caminho de volta para o carro. “Eu acredito que a gente tenha passado umas duas, três horas na cachoeira, até que a gente olhou pra cima e viu uma fumaça cobrindo o céu, e de repente ficou tudo dourado, assim”, disse. “E aí eu fiquei preocupada em voltar de chinelo, e eu tive essa intuição de amarrar o tênis e voltar de tênis mesmo pela trilha”, completou.

Isis contou que a decisão de trocar os chinelos pelos tênis a ajudou a correr das labaredas e salvar sua vida. “Isso foi crucial porque quando a gente começou a pegar a trilha de volta, a gente foi vendo vários focos de fogo em toda a região, então a gente correu muito para poder chegar até onde nós paramos o carro”, disse.

Foi um pânico muito grande, foi um desespero, e foi algo que a gente não teve muito tempo de pensar, a gente teve que ser muito rápido para retornar para o carro. 

“Quando a gente avistou o carro de longe, faltava muito pouco para o fogo atingir as rodas e entramos no carro e tentamos voltar para a vila. Então, acredito que o que aconteceu foi que o vento espalhou muito rápido os focos de fogo. Então, a gente passou no meio de labaredas, passamos no meio de muita fumaça, ficado um tempo tentando voltar a respiração ali enquanto a gente passava por um meio desse foco até conseguir chegar numa área um pouco mais aberta com menos fumaça e aí a gente já avistou nesse percurso os brigadistas, numa área mais abaixo apagando um foco de incêndio. Foi uma questão de três, quatro horas de duração eu não precisei ir para o hospital”, contou. “O meu peito doeu muito, né? O meu companheiro tem problema respiratório”, finalizou.

O mais assustador é que a gente estava numa área sem sinal de telefone. A gente não teria como pedir socorro. Nós não teríamos como avisar para as pessoas o que estava acontecendo.

A fotógrafa contou que, depois do susto, encontrou membros da brigada de incêndio, que adiantaram acreditar que o incêndio não foi acidental. “Eu acompanho uma brigada que chama Brigada Cipó e eles apontam que sim foi criminoso, foram 10 pontos de fogo naquela região. É muito assustador pra mim ser uma fotógrafa, ambientalista, ativista, quase ter me tornado uma vítima fatal de um crime ambiental”, disse.