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Diretores contam por que série exibiu fotos chocantes do corpo de Daniella Perez

A série documental "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez", disponível na HBO Max, revela detalhes sobre um dos crimes mais brutais do país, que aconteceu há 30 anos. A atriz foi morta pelo ator Guilherme de Pádua e a então mulher dele, Paula Thomaz

Gisele Alquas

Daniella Perez foi assassinada por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz em dezembro de 1992 Reprodução/HBO Max
Daniella Perez foi assassinada por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz em dezembro de 1992
Reprodução/HBO Max

A série documental "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez", disponível na HBO Max, choca pelos detalhes revelados sobre um dos crimes mais brutais do país, que aconteceu há 30 anos. De direção de Tatiana Issa e Guto Barra, que também assina o roteiro, a produção exibiu, além de depoimentos dolorosos como o da mãe da bailarina e atriz, Gloria Perez, fotos chocantes do corpo da jovem, morta pelo colega de novela Guilherme de Pádua e pela então esposa dele, Paula Thomaz, que estava grávida de quatro meses.

Em entrevista ao Band.com.br, os diretores esclarecem por que o documentário exibiu fotos do momento em que o corpo da atriz foi encontrado. Segundo Tatiana, além de ter sido um pedido de Gloria Perez, as imagens deixam claro a crueldade que fizeram com a atriz, uma vez que a tese de defesa dos assassinos era de que crime não havia sido premeditado. 

“Em um primeiro momento nos perguntamos se deveríamos mostrar as fotos do crime, que são tão chocantes. Mas a Gloria sempre achou importante mostrá-las justamente para que as pessoas pudessem ver e relembrar a brutalidade bárbara e cruel que foi esse crime e o que fizeram com a filha dela”, afirma Tatiana. “As pesquisas foram feitas com muito cuidado, muito estudo, baseadas sempre nos autos do processo. Nos debruçamos em todos os documentos, laudos, em toda a cobertura feita na época e nos arquivos pessoais da Gloria”, ressalta.

Morta aos 22 anos em 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez estava no auge da carreira. Casada com o ator Raul Gazolla, ela interpretava a jovem Yasmin na novela “De Corpo de Alma”, escrita pela mãe. Guilherme de Pádua vivia Bira, par romântico da personagem. Assim como a atriz, Yasmin se destacou por se doce e carismática e ganhou o carinho do público. 

“O que sempre chocou a Gloria e a família era o uso constante das fotos da novela com os personagens Bira e Yasmim, dando margem para versões mentirosas e machistas que foram perpetuados durante tantos anos”, contou a diretora. As versões citadas pela Tatiana foram plantadas pelos criminosos e levadas ao julgamento pela defesa. 

Em entrevistas que deu na época, Guilherme de Pádua insinuava que Daniella Perez estava apaixonada por ele e queria viver um romance, mas ele teria negado, já que os dois eram casados. Paula Thomaz teria descoberto o “assédio", e, tomada de ciúmes, quis conversar com a atriz a respeito, mas as duas discutiram e tudo ocorreu de forma inesperada. 

“É imprescindível que a série consiga esclarecer de uma vez por todas que isso [o romance entre vítima e assassino] nunca aconteceu. Essa narrativa faz parte de um viés sempre machista, de tentar culpabilizar a vítima, transformar os fatos a favor dos criminosos, perpetuar inverdades, muitas vezes convenientes para vender revistas e jornais. Isso precisa acabar. A série se baseia nos autos do processo, nos julgamentos de ambos e na verdade do crime”, afirmou Tatiana.

Documentário traz detalhes inéditos

O documentário trouxe em detalhes de como o crime foi premeditado e o rancor que Guilherme de Pádua tinha de Gloria Perez pelo seu personagem perder relevância na novela. Além disso, ficou claro que Paula Thomaz sentia inveja e ciúme possessivo de Daniella Perez.

A atriz foi vítima de uma emboscada em um posto de gasolina próximo ao local onde aconteciam as gravações de “De Corpo e Alma”. Após abastecer seu carro, Daniella foi cercada pelo veículo em que estava Guilherme e Paula. O ator agrediu a atriz com um soco, a colocou desmaiada no veículo dele e junto com esposa a levaram para um matagal próximo ao estúdio onde era gravada a novela.

A produção trouxe outro fato que desmente a versão de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz: a arma usada para matar a atriz. À época, muito se propagou que Daniella foi morta com tesouradas, mas ela foi assassinada com um punhal - visto que uma tesoura é um objeto muito mais comum de se ter.

Além disso, dez dias antes do crime, Guilherme e Paula tatuaram o nome um do outro em suas partes íntimas. Ela marcou o nome do marido em sua virilha e o ator tatuou o nome dela em seu pênis — uma tentativa de Guilherme “provar seu amor” pela esposa, já que mentia dizendo ser assediado por Daniella. 

Depoimentos 

Além de Gloria e de Raul Gazolla, “Pacto Brutal” ouviu outros depoimentos de familiares e amigos da atriz, como Fábio Assunção, Cristiane Oliveira e Stênio Garcia - que contracenavam com Daniella em “De Corpo e Alma" - Maurício Mattar, Alexandre Frota, promotores, investigadores, juízes, advogados, jornalistas que cobriram o caso, como Sônia Abrão, o cantor Roberto Carlos, com quem Daniella gravou naquele ano o especial de Natal, entre outros. 

Em “Pacto Brutal”, Tatiana Issa e Guto Barra tiveram o cuidado e a sensibilidade em narrar, de fato, como o crime ocorreu trazendo uma única versão: a verdade. “Nosso maior objetivo era resgatar a Daniella com a maior sensibilidade possível, com cuidado. Era mostrar a dor daquela mãe e daquela família devastada por aquele crime tão brutal. Na direção da série, procuramos colocar de forma sutil o contraste entre a delicadeza da Dani e a brutalidade do crime. Dar voz a dor da Gloria através do respeito”, afirmam os diretores.

Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram julgados em 1997, cinco anos após a morte de Daniella Perez. Ambos foram condenados a 19 anos de prisão por homicídio qualificado, mas permaneceram na cadeia até 1999, quando ganharam liberdade condicional por bom comportamento. Atualmente Guilherme mora em Belo Horizonte (MH) onde é pastor, e Paula reside no Rio de Janeiro. 

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