Tudo vai bem até que uma dor de cabeça insistente começa a incomodar. De repente, as emoções já não são as mesmas e uma sensação confusa vai tomando conta do ambiente. Surge então a irritação, o estresse e a vontade de brigar com o mundo. Com uma análise rápida, você se dá conta: o sentimento, que poderia ser causado por uma série de fatores, é, na verdade, fome.
Aconteceu no programa Pesadelo na Cozinha quando uma menina, de 7 anos, ficou chateada e chorou pela demora do restaurante para entregar seu prato. Mas essa irritabilidade independe da idade e tem explicação científica. “Sentir fome altera as emoções humanas e pode causar, além de irritação, impulsividade, apatia, fraqueza, indisposição e cansaço”, alerta Aline Maués Ferreira, psicóloga comportamental.
Por que isso acontece?
Quando se ingere um alimento, seus nutrientes passam a circular pelo organismo e dão energia para que funções metabólicas ocorram corretamente. “Com restrições alimentares, há o rompimento de tarefas e alguns processos do corpo vão deixando de ser executados, como a produção de hormônios relacionados ao prazer e ao bem-estar”, explica a nutricionista Chris Castro.
Quando em privação, como em uma dieta ou em momentos em que comer é impossível, o corpo libera cortisol e adrenalina, hormônios que fazem parte da resposta de estresse e que preparam uma pessoa para viver situações de ameaça. No inconsciente, é como se um combate fosse acontecer a qualquer momento e estar pronto para lutar ou fugir fosse necessário.
Observe que, às vezes, no meio do expediente de trabalho ou em momentos de concentração, nos sentimos exaustos e podemos jurar que tomar uma xícara de café ou comer um chocolate é capaz de aumentar a produtividade. “Isso ocorre porque, para atividades profissionais e criativas, usamos de forma mais intensa o córtex pré-frontal. O cérebro então consome cerca de 25% dos recursos energéticos que temos e, se falta energia, ele precisa se adaptar cortando funções não tão necessárias”, garante a psicóloga.
O resultado deste processo, causado pela falta de comida e de nutrientes, é que fica complicado manter a atenção, o raciocínio e até mesmo a memória de curto prazo. Comer algo gostoso e que tenha uma relação afetiva entra como uma solução emocional, já que estabelece uma relação com o prazer e libera hormônios de bem-estar, equilibrando a situação mesmo que momentaneamente.
O corpo fala!
Para lidar com a irritabilidade nesses casos, o indicado pelas especialistas é ter uma rotina alimentar saudável, com horários e refeições organizadas, ajudando a controlar a fome e a ansiedade. Além disso, se em uma dieta, o ideal é ter acompanhamento profissional e ir moldando os hábitos para que o corpo se acostume.
Fique de olho também no lado emocional: a fome pode estar ligada a fatores psicológicos. De acordo com a psicóloga, às vezes o que parece fome é só uma maneira de transferir um sentimento e usar a comida como válvula de escape. É a clássica cena do pote de sorvete e da barra de chocolate após um término de relacionamento. Quem nunca, não é mesmo?
Seja emocional ou física, da próxima vez que você ouvir por aí que "cara é feia é fome", pode acreditar. Observe os sinais!