
David Lynch, lendário diretor norte-americano, morreu nesta quarta-feira (16) aos 78 anos. Ao longo de sua longa carreira, ele desenvolveu um estilo marcante, que misturou o terror e o surrealismo em filmes marcantes, que muitas vezes provocaram reflexões e debates acalorados.
Lynch nasceu em 1946 na cidade de Missoula, no estado de Montana. Sua trajetória artística começou em outra área, uma vez que ele estudou para ser um pintor profissional. Mais especificamente, ele se mudou para a Filadélfia, na Pensilvânia, onde entrou na Academia de Belas Artes.
Seu primeiro emprego foi realizando gravuras. Mais tarde, ele realizou seu primeiro curta-metragem, chamado “Six Men Getting Sick (Six Times)”, que surgiu de um desejo do cineasta de poder ver seus quadros se moverem.
A obra consiste de uma animação de uma pintura de Lynch que entra em looping seis vezes enquanto é acompanhada do som de uma sirene. O projeto foi bem recebido, mas o cineasta chegou a considerar não produzir mais filmes devido aos gastos que o projeto demandou.
Lynch manteve seu interesse em pintura e fotografia vivo, mas decidiu seguir experimentando com o cinema e produziu mais curtas. Em 1977, ele lançou seu primeiro longa-metragem: “Eraserhead”.
O filme já demonstrava todo o estilo surrealista de Lynch, com imagens que muitas vezes pareciam ter saído de sonhos ou pesadelos. A trama trata de um homem que vive em uma terra distópica que precisa cuidar do filho da namorada, que nasce com expressões que se assemelham a uma cobra.
Lynch teve dificuldades em conseguir que o filme fosse exibido em algum festival, uma vez que os críticos se dividiram: alguns gostaram, outros detonaram. Apesar disso, hoje, o longa é tido como um grande exemplo do que tornou Lynch um cineasta especial.
Aclamação
Em 1980, Lynch encontrou grande reconhecimento da crítica com seu segundo filme “O Homem Elefante”, protagonizado por Anthony Hopkins. O filme foi indicado a oito Oscar, incluindo de Melhor Filme e de Melhor Diretor.
Em 1984, entretanto, David Lynch encarou um dos maiores fiascos de sua carreira. O diretor realizou uma adaptação do romance de ficção científica “Duna”, que foi um enorme fracasso de crítica e público.
O filme foi considerado tão ruim que virou quase uma obra mítica no meio.
O próximo filme de Lynch, “Blue Velvet”, dividiu fortemente os críticos, mas hoje é considerado uma obra-prima do cinema. Mesmo com a resposta polarizada à época do lançamento, Lynch recebeu sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Diretor.
Em 1990, o diretor de um tempo do cinema e comandou o seriado de mistério Twin Peaks. O seriado ficou bastante conhecido no Brasil, uma vez que foi exibido pela Rede Globo aos domingos, após o “Fantástico”.
Em 1992, graças ao sucesso da série, Lynch dirigiu um filme inspirado nela.
Em 2001, Lynch recebeu sua terceira e última indicação ao Oscar de Melhor Diretor por “Cidade Dos Sonhos”, talvez uma de suas obras mais conhecidas e comentadas, na qual explorou o mundo da fama de Hollywood.
Em 2006, ele lançou seu último filme, “Império dos Sonhos”, protagonizado por Laura Dern.
Em 2017, ele dirigiu o retorno da série Twin Peaks. Em 2019, ele ganhou um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra.