Antony relembra infância na favela: “Pulei cadáver e driblava traficantes"

Atacante da Seleção Brasileira abriu o coração em texto publicado pelo “The Players Tribune”

Da redação

Antony durante treino da Seleção Brasileira em Turim Lucas Figueiredo/CBF
Antony durante treino da Seleção Brasileira em Turim
Lucas Figueiredo/CBF

Atacante da Seleção Brasileira e do Manchester United, Antony abriu o coração em texto publicado pelo site “The Players Tribune”. O jogador lembrou da infância difícil na favela do ‘Inferninho’, em Guarulhos, onde teve que pular um cadáver e driblar traficantes.

"Uma vez, na minha caminhada para a escola, quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, encontrei um homem deitado no beco. Só que ele não estava se mexendo. Quando me aproximei, percebi que ele estava morto. Na favela, você fica meio anestesiado para algumas situações. Não havia outro caminho a seguir, e eu tinha que ir para a escola. Então, eu só fechei meus olhos e pulei o cadáver", revelou.

Sem condições de comprar uma chuteira, Antony jogava bola descalço em uma quadra na comunidade, junto com crianças, velhos, professores, pedreiros, motoristas de ônibus, além de traficantes e ladrões.

“Na favela todo mundo é igual. No começo, eu jogava descalço, com os pés sangrando. Não tínhamos dinheiro para chuteiras. Eu era pequeno, mas não me intimidava. Eu driblava os traficantes, dava elástico nos bandidos, chapéu nos motoristas de ônibus, ‘canetava’ os ladrões... Não tava nem aí, não", comentou.

Prestes a disputar sua primeira Copa do Mundo, o atacante admitiu não se intimidar dentro de campo.

"Fui da favela para o Ajax e o Manchester United em três anos. As pessoas sempre me perguntam como eu consegui 'virar a chave' tão rapidamente. Para ser sincero, é porque não sinto pressão dentro de campo. Quando você cresce tendo que pular cadáveres apenas para chegar à escola, você não pode ter medo de nada no futebol”, disse.

Por fim, o jogador de 22 anos garantiu já ter realizado o seu principal sonho.

"Se você fala com a mídia, eles sempre perguntam sobre seus sonhos. A Champions League? A Copa do Mundo? A Bola de Ouro? Mas esses não são sonhos. São objetivos. Meu único sonho era tirar meus pais da favela. Eu ia conseguir ou morrer tentando", completou.

Antony e os outros 25 jogadores convocados da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo treinam em Turim, na Itália, até sábado (19), quando viajam rumo ao Catar. Os comandados de Tite estreiam na competição no dia 24 de novembro, diante da Sérvia. 

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