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Porpoising: a nova dor de cabeça das equipes da F1 após os testes em Barcelona

Emanuel Colombari

Imagem: F1/Divulgação
Imagem: F1/Divulgação

Os “pré-testes” de pré-temporada da Fórmula 1 em Barcelona foram agitados. Em apenas três dias, o GP da Rússia de 2022 foi cancelado, a Haas mudou as cores (e pode perder o apoio de uma patrocinadora), McLaren e Ferrari entraram na briga pelas primeiras posições...

Foi tanta coisa que um detalhe bastante chamativo pode ter passado despercebido por quem curte a F1, mesmo que a categoria tenha dado bastante atenção a ele: o chamado porpoising.

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Se você viu imagens dos carros no Circuito da Catalunha, especialmente nas retas, viu que os carros “quicavam” em velocidades mais altas. Esse sobe e desce, o tal do porpoising, é consequência direta do novo regulamento da categoria, e pode até se tornar um problema.

Na quarta-feira (23), várias equipes reclamaram do tremelique nos novos carros. A encrenca não é recente e já acontecia em vários carros nas décadas de 1970 e 1980, na época da adoção do chamado efeito-solo. Como a categoria voltou a apostar na solução aerodinâmica em 2022, o problema voltou.

O que acontece? Aí é preciso lembrar do efeito Venturi nas aulas de física.

Com as altas velocidades, o carro recebe mais resistência do ar. Para se manter mais preso ao solo, cada carro é desenhado para jogar o ar para cima e para os lados, “furando” o ar.

Nos novos carros, porém, a alta velocidade joga mais pressão nas asas dianteiras ou na “ponta” do assoalho em direção ao solo. “Quanto mais próximo do solo, mais poderoso é o efeito do solo, pois o ar corre cada vez mais rápido através do espaço cada vez menor”, explicou a Fórmula 1 em seu site oficial.

Isso dá início a um ciclo bastante sensível ao piloto. A diferença entre a pressão superior e inferior no carro aumenta o downforce do carro, até que a situação atinge um pico. Nesse momento, parte da carga aerodinâmica é liberada de uma vez, e a frente do carro responde subindo novamente. Isso permite que o efeito-solo volte a funcionar.

Para entender, dá para dividir o ciclo em três etapas:

  1. O downforce empurra a base do carro para mais perto do asfalto
  2. O espaço entre o solo e o assoalho fica muito estreio, aumentando a pressão até um pico
  3. Para solucionar esse aumento de pressão, o carro reage liberando carga aerodinâmica e jogando o carro para cima

Com mais arrasto sob os carros, além de suspensões e pneus mais duros, as equipes voltaram a sentir o problema – que não havia aparecido em nenhuma simulação. Como resolver?

A F1 já deu pistas: tentar deixar a parte de baixo dos carros menos instável. A solução pode vir nos assoalhos, nas superfícies ou nas suspensões.

“Ironicamente, os truques hidráulicos das suspensões que acabaram de ser banidas teriam sido muito úteis nisto”, provoca a Fórmula 1 em seu site. “Observar como as equipes lidarão com este imprevisto será fascinante.”

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.