A pequena possibilidade de ter sofrido danos cerebrais após um acidente em agosto de 2021 não incomodou Adrian Newey, chefe do departamento de engenharia e projetos da Red Bull na Fórmula 1.
Considerado um dos maiores projetistas da história da categoria, Newey foi hospitalizado após uma queda de um barranco de cerca de 2 metros quando andava de bicicleta ao lado da mulher, Amanda, durante um período de descanso na Croácia.
Consciente, foi para o local onde estava hospedado e passou a noite com fortes dores de cabeça; por isso, procurou um hospital na manhã seguinte.
“Ele (médico) disse que precisaria agir rápido, ou o osso poderia romper o músculo do olho e eu perderia o movimento do olho”, disse Newey em entrevista publicada nesta sexta-feira (24) pelo jornal inglês Evening Standard, simulando o diálogo com o médico.
“OK, mas qual é o risco de dano ao olho? ‘Ah, sem risco.’ Algum risco de dano cerebral? ‘Ah, não muito.’ Quero um percentual. ‘Talvez 5% ou 10%.’ Nesse momento, eu disse para minha esposa me tirar dali”, completou.
Na época, Adrian Newey contou com a intervenção de Bernie Ecclestone (ex-diretor-executivo da Fórmula 1) e Christian Horner (chefe de equipe da Red Bull), que conseguiram transferir o projetista para o Reino Unido, onde foi operado.
Embora tenha retomado as atividades na equipe já em setembro, Newey só voltou a comparecer a um Grande Prêmio em outubro, na Turquia.
O sucesso na Red Bull
Contratado pela Red Bull desde o final de 2005, o britânico desenvolveu o projeto dos carros que conquistaram cinco títulos mundiais pelo time na F1: 2010, 2011, 2012, 2013 e 2021. Hoje, garante não ter se arrependido de ter deixado a McLaren na época para fazer parte de um time que ainda dava seus primeiros passos.
“Quando eu cheguei à Red Bull, as pessoas pensaram que eu estava cometendo um suicídio de carreira”, contou. “Foi muito satisfatório, porque, com Christian (Horner), pegamos as cinzas da Jaguar (equipe que deu lugar à Red Bull) e fizemos como queríamos.”
Ao longo da carreira, o projetista trabalhou com alguns dos mais importantes pilotos da história da Fórmula 1, como Nigel Mansell, Alain Prost, Ayrton Senna, Jacques Villeneuve (todos na Williams), Mika Hakkinen (McLaren), Sebastian Vettel e Max Verstappen (Red Bull). Newey evitou comparar o holandês a outros nomes, mas fez questão de elogiá-lo.
“É injusto comparar pilotos de épocas diferentes, mas Max está entre os principais. Acho que essa imagem do piloto agressivo é exagerada. Talvez em suas primeiras corridas na Fórmula 1 ele tenha sido bastante agressivo, mas na temporada passada isso foi injustificado”, analisa.
“Ele é muito calmo em geral, muito medido, tem reflexos tremendos, e é um prazer trabalhar com ele”, acrescentou.