Um grave acidente em um teste em Jacarepaguá marcou para sempre a vida de Philippe Streiff e foi crucial para a saída do Rio de Janeiro do calendário da Fórmula 1.
Em 1989, o piloto francês testava o novo carro da equipe AGS quando perdeu o controle na curva do Cheirinho no Autódromo Nelson Piquet no Rio de Janeiro, voou por cima do guard-rail e capotou várias vezes. Ele ficou tetraplégico depois da batida.
O acidente antecedeu uma série de questões consideradas polêmicas até hoje no resgate, transporte e atendimento ao francês. No fim das contas, aquele ano foi o último da F1 no Rio -- a partir de 1990, o GP do Brasil voltou para Interlagos.
Philippe Streiff, que teve a carreira interrompida aos 33 anos, morreu em 23 de dezembro de 2022, aos 67.
Testes em Jacarepaguá
Quando Philippe Streiff sofreu o grave acidente em Jacarepaguá, o contexto da Fórmula 1 era bem diferente. As equipes evitavam o inverno europeu e procuravam o calor carioca para fazer testes de pré-temporada.
A francesa AGS foi uma das escuderias que vieram para o Rio antes do início da temporada, e Streiff fazia testes no modelo JH23B, uma evolução do carro de 1988. Por volta das 11h de 15 de março daquele ano, ele perdeu o controle a mais de 200 km/h, voou por cima do guard-rail e só parou a cerca de 80 metros do local da escapada. Não há imagens do acidente.
Polêmicas no atendimento ao piloto
Até hoje o acidente com Philippe Streiff é cercado de polêmicas. Segundo informação do GE, havia apenas quatro fiscais de pista em todo o autódromo de cinco quilômetros quando aconteceu a batida. Os que chegaram ao local tiraram Streiff do carro, mas não tinham o preparo médico para realizar o procedimento.
Uma ambulância só apareceu no local cerca de 30 minutos depois e, para piorar, os mecânicos da AGS foram barrados e não puderam se aproximar do piloto. O francês foi levado ao centro médico do autódromo e, em seguida, encaminhado para um hospital na Gávea, a cerca de 30 km da pista.
Neste processo, outra situação polêmica: o piloto do helicóptero que transportou Streiff seria de São Paulo e não sabia exatamente onde pousar para chegar à clínica de destino. A aeronave estacionou no planetário da Gávea e o piloto de F1 foi transportado em uma ambulância para o hospital.
No caminho de alguns quarteirões, porém, o automóvel teve de passar por ruas de paralelepípedos, o que teria prejudicado ainda mais a situação do francês.
Transferência para a França
Philippe Streiff passou por uma cirurgia de emergência na clínica do Rio de Janeiro e foi acompanhado por médicos de São Paulo, chamados às pressas, além do francês Gerard Saillant, que era amigo da família e foi acionado pela esposa do ex-piloto, Reneé.
Com o quadro estabilizado, o piloto foi transferido para a Europa sob a supervisão de Saillant. Lá, ele recebeu a notícia de que tinha ficado tetraplégico. À época, o médico disse que a série de equívocos no atendimento e no transporte rumo ao hospital no Rio de Janeiro foram fundamentais para o diagnóstico.
“Ele [Gerard Saillant] estava lá no dia seguinte ao acidente e imediatamente salvou minha vida duas vezes quando meu coração começou a falhar. Ele é um verdadeiro salva-vidas. Sou grato a Renée por tê-lo chamado para vir. Sem ele eu teria morrido em 1989, com certeza”, disse Streiff, anos mais tarde ao acidente.
Pré-temporada da Fórmula 1 2023
Onde assistir
A pré-temporada da Fórmula 1, que acontece nos dias 23, 24 e 25 de fevereiro, terá transmissão do BandSports (TV fechada) e em Band.com.br, que exibe ao vivo os três dias da programação (veja a agenda completa abaixo). No circuito de Sakhir, as dez equipes do grid atual colocam seus novos carros na pista.
Programação
- 23 de fevereiro (quinta-feira): das 4h às 13h30 (horário de Brasília)
- 24 de fevereiro (sexta-feira): das 4h às 13h30 (horário de Brasília)
- 25 de fevereiro (sábado): das 4h às 13h30 (horário de Brasília)