Mundial de 1986 marcou o fim da geração dos 'craques sem Copa'

Lista tem Sócrates, Zico, Falcão, Platini, Rummenigge, Dasaev, Bioniek e o técnico Telê Santana

Paulo Guilherme Guri

A Seleção Brasileira na estreia na Copa de 1986 Reprodução/Fifa
A Seleção Brasileira na estreia na Copa de 1986
Reprodução/Fifa

A Copa do Mundo de 1986, disputada no México, marcou o adeus de uma geração de ídolos que entrou para a história do futebol como “os craque sem Copa”. A lista de brasileiros com Sócrates, Zico, Júnior, Oscar e Falcão é conhecida por todos nós. Mas outros gênios jogaram o último Mundial de suas carreiras e tiveram de bater palmas para Diego Maradona, que comandou a Argentina na conquista do seu primeiro título.

A lista é grande. Os goleiros Rinat Dasaev, da União Soviética, e Harald Schumacher, da Alemanha Ocidental. Os zagueiro Manuel Amoros e Marius Trésor, da França, Wladyslaw Zmuda, da Polônia, e Hans-Peter Briegel, da Alemanha Ocidental. Os meio-campistas Alain Giresse, Jean Tigana e Michel Platini, da França, Zbigniew Boniek, também da Polônia, e os atacantes Karl-Heinz Rummenigge, da Alemanha Ocidental, e Oleg Blokhin, ucraniano que jogava como ponta-esquerda da União Soviética.

Para o Brasil, a Copa de 1986 marcou também a despedida do mestre Telê Santana da Seleção Brasileira. Telê certamente seria o técnico dessa seleção de craques sem Copa. Mas o Telê de 1986 montou um time às duras penas pensando muito em se vingar da derrota em 1982. O resultado foi uma seleção que tinha tudo para dar errado, mas quase deu tudo certo!

Entre 1982 e 1986 o Brasil trocou de técnico quatro vezes. Saiu o Telê de 1982, entrou o Carlos Alberto Parreira. Ele saiu após o Brasil perder a Copa América de 1983. Entrou Edu Coimbra, irmão do Zico, que dirigiu a Seleção em algumas partidas em 1984. Também não foi bem. Em 1985 entrou Evaristo de Macedo, também muito mal. A solução da CBF foi chamar Telê de volta a tempo de o Brasil jogar as Eliminatórias.

O Brasil de 1985 era um timaço: Carlos; Leandro, Oscar, Edinho e Junior; Cerezo, Sócrates e Zico; Renato Gaúcho, Casagrande e Eder. 

Em menos de um ano depois, a realidade era outra. Zico estava quebrado, Sócrates, Cerezo, Falcão, Eder e Oscar estavam mal fisicamente, Leandro e Renato Gaúcho se envolveram em um episódio de indisciplina. Telê chamou quase 30 jogadores e fez um monte de cortes até definir os 22 para a Copa. E ainda assim precisou mudar tudo.

Não foram Leandro, Renato Gaúcho, Eder, Dirceu e Cerezo, entre outros.

Oscar virou reserva Falcão também foi para o banco. Sócrates foi titular mas não estava 100%. ZIco ainda se recuperava do joelho arrebentado pelo jogador do Bangu Márcio Nunes. Casagrande não era mais o artilheiro do ano anterior.

A solução foi colocar o jovem Júlio César na zaga, Júnior no meio-de-campo, os volantes Elzo e Alemão para correr por Sócrates. O Brasil começou a Copa com Carlos; Edson, Julio Cesar, Edinho e Branco; Elzo, Alemão, Sócrates e Júnior; Casagrande e Careca. 

No decorrer da Copa, Edson se machucou e deu lugar ao improvável Josimar, um lateral-direito que estava sem contrato com o Botafogo. Müller entrou no lugar de Casagrande, aproveitando seu entrosamento com Careca no São Paulo. Zico continuou fazendo tratamento e entrou na metade do segundo tempo a partir do terceiro jogo.

O Brasil se reinventou e fez a torcida sonhar após as goleadas por 3 a 0 sobre a Irlanda do Norte, e 4 a 0 sobre a Polônia. E dominou o jogo contra a França, que terminou empatado por 1 a 1. Foi o primeiro gol sofrido pelo goleiro Carlos. Teve o pênalti perdido por Zico. E, na disputa por pênaltis, Sócrates chutou nas mãos do goleiro Joel Bats, Júlio César chutou na trave e a bola chutada pelo francês Bruno Bellone acertou a trave, bateu nas costas de Carlos e entrou.

O árbitro Ioan Igna, da Romênia, validou o gol. Por causa desse lance, a Fifa mudou a regra dos pênaltis. Desde então, se a bola bate na trave e bate em alguém na sequência, não vale o gol.

Copa do Mundo de 1986

  • Período: 31 de maio a 29 de junho de 1986
  • País-sede: México
  • Campeão: Argentina
  • Vice-campeão: Alemanha Ocidental
  • 3º lugar: França
  • 4º lugar: Bélgica
  • Artilheiro: Lineker (Inglaterra), 6 gols
  • Participação do Brasil: eliminado nas quartas-de-final ao perder para a França nos pênaltis após empate por 1 a 1 O time era Carlos; Josimar, Júlio César, Edinho e Branco; Elzo, Alemão, Sócrates e Júnior; Müller e Careca. O técnico era Telê Santana. Também entraram Edson, Falcão, Silas e Zico.
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Final: Argentina 3 x 2 Alemanha Ocidental

  • Gols: Brown (ARG), aos 23 minutos do 1º tempo; Valdano (ARG), aos 10, Rummenigge (ALE), aos 29, Völler (ALE), aos 35, e Burruchaga (ARG), aos 38 minutos do 2º tempo
  • Argentina: Pumpido; Brown, Cuciuffo, Ruggeri e Olarticoechea; Giusti, Batista, Maradona e Enrique; Burruchaga (Trobbiani) e Valdano. Técnico: Carlos Bilardo
  • Alemanha Ocidental: Schumacher; Jakobs, Berthold, Förster e Briegel; Matthäus, Brehme, Magath (Honess) e Eder; Rummenigge e Allofs (Völler). Técnico: Franz Beckenbauer
  • Árbitro: Romualdo Arppi Filho (BRA)
  • Público: 114.600 pessoas
  • Local: Estádio Azteca, na Cidade do México

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