Jornalista, amante do jogo explicado por números e estatísticas e apreciador do bom futebol; do "tiki taka" à licença poética do chutão.
“Torcida não ganha jogo”. O autor desconhecido que cunhou essa frase certamente nunca esteve em São Januário. Não é exagero afirmar que o Vasco vai subir para a Série A, graças à atmosfera criada pelo torcedor vascaíno no estádio. Nesta Série B, o Gigante da Colina segue invicto no caldeirão, com um aproveitamento de 79%, sendo 11 vitórias e 5 empates.
O jogo da última rodada, contra o Criciúma, mostrou bem o retrato de um Vasco frágil tática e tecnicamente, mas empurrado à força para a vitória. Em qualquer outro cenário, perderia. Mas estava em São Januário. O time catarinense foi melhor durante boa parte da partida, teve chances de marcar dois ou três gols, só que a virada do Vasco veio naquele ímpeto da arquibancada. Não à toa circula nas redes sociais um vídeo em que torcedores cruzmaltinos sobem junto com o atacante Fábio Gomes para testar para o fundo da rede. É exatamente isso. O torcedor vascaíno se recusa a deixar São Januário com a derrota e deu aquela ajudinha lá no ataque.
Tudo isso embasa o argumento da diretoria do Vasco de manter o jogo desta quinta-feira (27) contra o Sampaio Correa, pela 37ª rodada da Série B. Houve uma possibilidade de transferência da partida para o Maracanã. A ideia era contemplar mais vascaínos, já que São Januário comporta apenas cerca de 20 mil torcedores e o “sold out” na venda de ingressos por lá é sempre garantido nas primeiras horas em que os bilhetes são disponibilizados.
No entanto, que o Maracanã me perdoe. Esse acesso conquistado, jogo a jogo, em São Januário tem que ser confirmado dentro do caldeirão lotado por torcedores raiz do Vasco. Aquele que chega mais cedo e faz pré e pós na Barreira. O mesmo que se orgulha de dizer que tem casa para jogar. São Januário é a essência da história do clube. O Vasco é sua torcida. Um levanta o outro. Sempre foi assim. Foi o torcedor que fez São Januário acontecer e é o torcedor que vai fazer o Vasco subir; em casa.