Porta-bandeira do Brasil em Tóquio, Daniel Dias celebra carreira e critica Comitê Paralímpico Internacional

Maior nadador paralímpico da história vai representar o Brasil na Cerimônia de Encerramento em Tóquio.

Da Redação

O nadador Daniel Dias, que faz sua última participação nas paralimpíadas em Tóquio, será porta-bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento, neste domingo (5). Maior nadador paralímpico da história com 14 medalhas de ouro e 27 pódios no total, em 4 edições, Daniel deu entrevista à BandNews TV, falou da carreira, do futuro e criticou o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). 

Daniel abriu o papo celebrando sua escolha como representante do Brasil na festa de encerramento “Foi uma campanha espetacular. Hoje batemos o recorde de medalhas de ouro, não tinha uma maneira melhor de encerrar a carreira. To muito feliz por esse momento”, afirmou o atleta.

Ele também elogiou a nova geração da natação, que já mostrou muita força em Toquio. ”Batemos o recorde de medalhas e de medalhistas de ouro na natação em 2021. Fico feliz de fazer parte da história e ter inspirado a nova geração. São atletas que estão vindo muito fortes e daqui a três anos, em Paris, continuarão representando muito bem o país”.

Para Daniel, o resultado é fruto do legado da Rio-2016. “Hoje o Comitê Paralímpico Brasileiro tem um centro de treinamento com a melhor estrutura possível para os atletas de todos os esportes”.

Futuro no esporte e críticas ao IPC

Daniel pretende continuar trabalhando pelo esporte fora das piscinas, inspirando novos esportistas, mas também com sua experiência e reconhecimento. “Fui eleito para integrar o conselho paralímpico internacional. Vou lutar para que o novo processo de classificação seja mais claro e o mais justo possível. Hoje não é assim, é muito subjetiva e confusa”

Especialistas estimam que Daniel Dias pode ter deixado de ganhar 5 medalhas de ouro em Tóquio por conta da nova classificação usada pelo IPC. “Não afetou o meu desempenho, mas o número de medalhas com certeza”, explica o atleta, que entende que deu o melhor dele nas provas.  

“Acabei enfrentando atletas de categorias superiores, que haviam sido medalhistas dessas categorias na Rio-2016. Isso é muito triste, hoje a gente vê um processo de classificação subjetivo, inconclusivo e confuso. A natação está regredindo nesse ponto e é muito triste”.

Daniel afirmou que como está não dá para continuar e que muitos outros atletas sofreram com as mudanças. “O André Brasil, um grande atleta, que tem a deficiência e que foi a três Jogos, hoje com essa nova classificação ele não é nem mais considerado atleta paralímpico”.  

Ouro tirado de Thiago Paulino

Daniel Dias também se solidarizou com o brasileiro Thiago Paulino, do arremesso de peso, que perdeu a medalha de ouro com a anulação dos dois melhores arremessos, ficando com o bronze. Decisão anunciada 12 horas após a prova.  

“O comitê internacional precisa se profissionalizar mais. Não pode 12 horas depois de uma prova, um medalhista que ‘dorme’ com o ouro acordar medalhista de bronze. Não pode acontecer”, afirmou.

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