Rodrigo Martins Cintra, coordenador-geral da Comissão de Arbitragem da CBF, detalhou nesta terça-feira (15), em entrevista exclusiva à Band, o plano em andamento para a profissionalização da arbitragem brasileira. Com previsão de conclusão até dezembro de 2026, o projeto já teve sua primeira etapa iniciada com treinamentos físicos, técnicos e teóricos envolvendo árbitros das Séries A e B.
"Temos um planejamento até 31 de dezembro do próximo ano. Com o apoio da presidência da CBF, conseguimos antecipar várias etapas", explicou Cintra. Segundo ele, o foco é oferecer aos árbitros uma estrutura que simule as exigências de uma rotina profissional exclusiva.
A CBF implantou uma agenda intensa de treinos, incluindo a chamada "tenda do feedback", espaço criado para que os árbitros revejam lances logo após os jogos simulados. "A mente ainda está no jogo. O árbitro lembra de detalhes técnicos e posicionamento. Isso acelera o processo de correção", comentou.
O coordenador usou uma metáfora curiosa para ilustrar a importância da repetição nos treinos. "É como trocar pneu de Fórmula 1. Trinta anos atrás levava 30 segundos, hoje leva três. Repetição, avaliação e controle fazem com que o árbitro acerte mais e erre menos."
Cintra também abordou os erros recentes nas primeiras rodadas do Brasileirão. "Foram dois erros em 300 grandes decisões. Quando há equívoco, o árbitro é afastado, recebe instrução e só volta quando estiver habilitado", afirmou, reforçando que o processo é técnico e meritocrático.
Segundo ele, mesmo quando os elogios são muitos, a comissão mantém a autocrítica. "Na primeira rodada, todos disseram que foi extraordinária. Para nós, foi muito boa. Sabemos que sempre há ajustes a fazer."
O projeto inclui ainda uma mudança de conceito no uso do VAR, tratando os operadores como parte da equipe de arbitragem. "Temos assistentes de campo e de vídeo. Todos formam uma equipe integrada. O VAR precisa ser mais do que uma ferramenta, ele tem que auxiliar de fato."
"Estamos buscando excelência com o que há de melhor no mundo. Todos querem que os árbitros acertem mais. E a CBF está aqui para ajudar isso a acontecer", concluiu Cintra.