Jogo Aberto

Brasileirão pode ficar sem VAR

Boliviano reivindica na Justiça a autoria do árbitro de vídeo

Chico Garcia, do Jogo Aberto

O árbitro de vídeo é uma realidade no futebol mundial. A CBF utiliza a ferramenta desde 2018 na Copa do Brasil, e estreou no Campeonato Brasileiro em 2019. É possível imaginar hoje o futebol sem essa tecnologia? Pois essa possibilidade existe.

O VAR, “vídeo assistant referee”, da sigla em inglês, teria o seu projeto idealizado por um engenheiro boliviano 13 anos antes: Fernando Mendez Rivero, torcedor fanático do Oriente Petrolero, tenta na Justiça reivindicar a autoria do VAR.

“A gente pede que o juiz o declare [Fernando] como autor, apesar de já ter o registro no órgão competente. A gente pede indenização também de ordem moral e de ordem patrimonial”, disse o advogado Marcelo Pretto.

O caso chegou nas mãos de outro advogado, através de um amigo também da Bolívia. Logo ele entendeu que o projeto de Fernando era o embrião do que hoje se aplica no mundo inteiro.

“No começo eu não dei muita importância. Pela insistência desse amigo eu falei: ‘traz ele para o Brasil e toda documentação que vamos fazer a análise’. Feito isso, analisei a documentação e realmente e vi que esse projeto que ele registrou em 2005 tinha total semelhança com o que aplicado no VAR”, explicou o advogado Lincoln Souza.

Suspensão

O processo corre na 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e a qualquer momento poderá haver uma decisão em caráter liminar favorável ao engenheiro boliviano, o que significaria a suspensão do uso do VAR no Brasil por tempo indeterminado.

A criação original é de 2004, registrada um ano depois com o nome de “Proyecto Piloto de Arbitraje Electronico”, no Serviço de Propriedade Intelectual da Bolívia. A primeira experiência com o uso do VAR ocorreu só em 2016.

Telefonema de Teixeira

Nesse meio tempo, Fernando procurou A CBF.

“Essa resposta teria sido dada por uma ligação, pelo Ricardo Teixeira [então presidente da CBF] parabenizando pelo projeto, que havia interesse e entrariam em conato no futuro. Infelizmente isso não aconteceu. Anos depois ele viu o projeto enraizado no futebol”, contou Souza.

O problema é que a CBF sempre intitulou o ex-árbitro baiano e instrutor de arbitragem da entidade, Manoel Serapião Filho, como o idealizador da ferramenta adotada anos depois pela International Board, o órgão que estabelece as regras do jogo na FIFA no mundo inteiro.

“Roubo intelectual”

A CBF chegou a ser notificada extrajudicialmente, mas até agora não apresentou documentos que comprovem a autoria do projeto.

“A gente está cobrando dela [CBF] porque ela se utiliza do VAR, ela que levou para a Fifa, a Fifa homologou e acabou introduzindo na regra do futebol. Tudo se originou da CBF”, afirmou Prett.

Tudo que Fernando quer é o reconhecimento pela sua obra.

“Ele sente que foi lesado, foi um roubo intelectual, e o plagio da CBF é evidente nesse projeto”, completou Pretto.

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