A data: 28 de novembro de 2010. O loca: Arena Barueri. A ocasião: penúltima rodada do Brasileirão. O jogo entre Palmeiras e Fluminense mal havia começado quando, aos quatro minutos do primeiro tempo, o atacante alviverde Dinei acerta um chutaço de longe e faz 1 a 0 para os mandantes. Na arquibancada, porém, consta que poucos comemoraram. Aliás, o que se ouviu no estádio foi uma sonora vaia ao jogador do Verdão, vinda inclusive da própria torcida palmeirense, fora os xingamentos.
“Ei, Dinei, vai tomar no c...”, gritou a torcida – naquela altura, praticamente uma coisa só, palmeirenses e tricolores. No campo, constrangido e sem reação, Dinei mal comemorou.
Tudo porque o Fluminense brigava pelo título com o Corinthians, rival do Verdão. Treze anos depois, a história se repete, só que com papéis trocados. E tudo condimentado com o mesmo tempero da rivalidade. Agora, é o Palmeiras que enfrenta o Flu precisando vencer para praticamente garantir o 12º caneco do Brasileirão e, de quebra, tirar Flamengo e Botafogo da briga.
Por isso, nas redes sociais, torcedores do Palmeiras já pedem que o Flu, que não tem mais grandes aspirações no campeonato e se prepara para jogar o Mundial de Clubes, simplesmente faça “corpo mole” e entregue o jogo deste domingo, às 16h, no Allianz Parque.
Caso vença, o Palmeiras praticamente assegura o título, já que os adversários precisariam triunfar, torcer para o Verdão tropeçar e tirar boa vantagem no saldo de gols na última rodada.
“Compromisso com o futebol”
A julgar pelo o que disse o técnico do Flu, Fernando Diniz, depois da vitória por 3 a 0 sobre o Santos, na última quarta (29), a turma de Abel Ferreira não terá vida fácil.
“Temos um compromisso muito grande com o futebol e a ética do jogo”, declarou Diniz depois do triunfo na Vila, depois de ouvir suspeitas de “entregada” também nesse jogo, já que o Peixe disputa ponto a ponto com o rival Vasco a permanência na Série A.
Na mesma ocasião, porém, Diniz deu sinais de que pode, sim, poupar jogadores. O técnico reclamou especificamente dos campos de grama sintética, como o usado no Allianz.
“Não favorece o jogo e aumenta o risco de lesão. Sou a favor que tenhamos somente campo de grama [natural]”, disse Diniz. Assim, o treinador sinalizou que pode não ir com força máxima, e justificar a decisão com a preparação para o Mundial.
De volta a 2010: apesar de sair atrás, o Fluminense reagiu e, apoiado por duas torcidas, virou o jogo e venceu por 2 a 1 – gols de Carlinhos e Tartá. Na última rodada, jogando no Engenhão, o time de Muricy Ramalho venceu o Guarani por 1 a 0 (gol de Emerson Sheik) e faturou o tricampeonato brasileiro.
