
O acusado de matar o sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha há um ano em Belo Horizonte, Welbert de Souza Fagundes, foi declarado consciente de seus atos em laudo psiquiátrico divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Médico Legal (IML). O documento atesta que o réu tinha plena capacidade de entendimento e determinação no momento do crime.
Durante a audiência de instrução e julgamento realizada na última quarta-feira (15), às 13h, na 1ª Vara Criminal de Barbacena, região do Campo das Vertentes, presidida pela juíza Flávia Generoso de Mattos, Welbert exerceu seu direito constitucional de permanecer em silêncio. O encontro, feito por videoconferência, contou com a participação do Ministério Público, representado pelo promotor Carlos Samuel Borges Cunha, e da defesa do acusado, conduzida pelo advogado Bruno Rodrigues Pereira Torres.
Segundo a ata da audiência, o réu, que também é acusado de danos ao patrimônio público, denunciou condições degradantes no presídio de segurança máxima de Francisco Sá I, no Norte de Minas. Ele relatou ameaças de outros detentos, falta de atendimento médico para ferimentos causados por arma de fogo e problemas no fornecimento de medicamentos. A juíza determinou que essas questões fossem comunicadas ao juízo responsável pela execução penal.
A defesa também apontou que Welbert estaria sendo ameaçado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que acreditam que ele tenha ligações com o Comando Vermelho (CV), facção rival. Contatada pela reportagem, a defesa de Welbert, representada por Bruno Rodrigues Pereira Torres, afirmou que prefere não se pronunciar sobre o tema até que a apuração das circunstâncias evolua. No entanto, em resposta à reportagem, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) nega essas alegações, informando que o réu está detido sob Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), o que impede qualquer contato direto com outros custodiados, seja em cela ou durante o banho de sol. A SEJUSP também destacou que não comenta declarações de detentos nem informações de processos em andamento.
Outro ponto abordado na audiência de quarta-feira (15) foi o pedido da defesa para reaproveitar um exame de insanidade mental realizado em outro processo. A solicitação foi negada pela magistrada, que autorizou a realização de um novo exame psiquiátrico. A partir da audiência, a defesa passou a ter um prazo de 10 dias para apresentar os quesitos do novo exame, com posterior manifestação do Ministério Público. O laudo psiquiátrico foi concluído, divulgado e obtido pela BAND MINAS na tarde desta sexta-feira (17).
A juíza também aceitou os pedidos de acesso às imagens de câmeras de segurança do Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, relacionadas à acusação de danos ao patrimônio público, além de informações detalhadas sobre os medicamentos administrados ao réu na época dos fatos. Sobre esse ponto, a SEJUSP afirmou que não há falta de medicamentos no Hospital Judiciário Jorge Vaz e que Welbert está sendo submetido aos procedimentos administrativos relacionados à ocorrência de dano ao patrimônio.
📰: Marcus Vinícius Pinheiro e Lucas Parreiras