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“Santos subestimou a violência contra a mulher”, diz Gabriela Manssur

Da redação, com Rádio Bandeirantes

Gabriela Manssur é a promotora do Ministério Público de São Paulo e criadora do projeto Justiceiras e do Justiça de Saia
Gabriela Manssur é a promotora do Ministério Público de São Paulo e criadora do projeto Justiceiras e do Justiça de Saia
Reprodução/Redes sociais

Em entrevista à Rádio Bandeirantes na manhã deste sábado, 17, a promotora do Ministério Público de São Paulo e criadora do projeto Justiceiras e do Justiça de Saia, Gabriela Manssur, conversou com Thais Freitas e Agostinho Teixeira sobre o cancelamento do acordo entre o Santos e o atacante Robinho, condenado por violência sexual na Itália. Segundo ela, o “Santos subestimou a violência contra a mulher”.

“O Santos subestimou a violência contra a mulher ao entender que as empresas não estão engajadas, o que é um erro. Temos acompanhado um grande engajamento da sociedade civil e de empresas privadas, que tem, sim, um comprometimento civil de combate à toda forma de violência contra a mulher”, disse ela. “Seria um contrassenso dessas empresas dizer que apoiam o fim da violência contra a mulher e patrocinar um time que contratou um jogador condenado em primeira instancia fora do Brasil. ”


Segundo Gabriela, a pressão da sociedade também colaborou para a rescisão do contrato do atacante: “Houve pressão da sociedade e indignação de muitas pessoas. Aqui no Brasil, o que ele fez é crime hediondo com penas graves”.

Questionada por Agostino sobre o fato de Robinho alegar que não cometeu violência sexual, uma vez que praticou sexo oral, Gabriela foi enfática e explicou que o estupro vai além da conjunção carnal. “Crime de estupro é qualquer ato sexual contra vontade da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ou qualquer situação que essa vítima não possa oferecer resistência; também é estupro sexo com menores de 14 anos ou sexo para satisfação do prazer apenas de determinada pessoa”. “Ou seja, qualquer ato sexual, incluindo oral, anal e masturbação”, disse. 

A fala do atleta nos áudios divulgados pela Justiça Italiana, de acordo com Gabriela, reforça a narrativa de que a vítima não tinha possibilidade de reação ao ato. “Ela estava em situação de vulnerabilidade por uso de álcool. Isso no Brasil é considerado estupro de vulnerável, é crime grave com aumento de pena por ser coletivo. Há uma violência presumida pelo uso de álcool, a vítima estava impossibilidade de resistência”. 
 


A promotora de justiça ainda reforçou a importância dos times de futebol servirem como exemplo às novas gerações. “Os times de futebol têm que entender que não há nada contra ninguém, mas a favor de posturas que colocam o futebol como algo positivo, como algo que possa inspirar jovens brasileiros que querem ser jogadores de futebol, e tem esses jogadores como seus grandes ídolos”, disse. “É impossível contratar um homem, que foi condenado por estupro coletivo, para um time em que ele será o grande craque, que vai inspirar outros meninos a serem como ele. É aí que a questão do crime fica como algo de menos importância, havendo uma sensação de impunidade e incentivando comportamentos dessa natureza”.

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