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Rabino: Acordo para fim de bombardeios em Gaza termina em impasse

Esses dois inimigos querem, realmente, um acordo?

Por Moises Rabinovici

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Acordo para fim de bombardeios em Gaza termina em impasse
Reuters

A guerra em Gaza continua, mesmo sob intensa pressão por um acordo de trégua, já aceito pelo Hamas. Israel está bombardeando a área de Rafah, da qual pediu que cerca de 100 mil palestinos civis se retirassem nesta manhã.

O Gabinete de Guerra decidiu prosseguir com a ofensiva “a fim de aplicar pressão militar sobre o Hamas, com o objetivo de progredir na libertação dos reféns e em outros objetivos da guerra”. O comunicado israelense diz que a última oferta de trégua do Hamas está “longe das exigências obrigatórias de Israel”.

Uma delegação israelense está indo ao Cairo para encontrar os negociadores egípcios e catarianos, na tentativa de fechar um acordo que atenda às exigências de Israel, como, por exemplo, o número de reféns a serem liberados numa primeira fase, que eram 33, mas não são mencionados na versão aprovada pelo Hamas.

O líder da oposição, Yair Lapid, disse que “um governo que deseja devolver os reféns convoca uma discussão urgente, e não emite histericamente três briefings de diferentes partidos e esmaga os corações das famílias dos reféns. Uma vergonha nacional.”

Já o ministro da Segurança Nacional, Itamar Bem Gvir, descreveu o anúncio do Hamas de “jogo” e pediu a ocupação imediata de Rafah. “A pressão militar deve ser aumentada até a derrota completa do Hamas e sua rendição absoluta”.

 Ao mesmo tempo, em que negocia a paz temporária com o Hamas, o primeiro-ministro Netanyahu promete que vai destruí-lo. Ao mesmo tempo, em que negocia a paz temporária com Israel, o Hamas dispara morteiros que matam quatro soldados.

Esses dois inimigos querem, realmente, um acordo?

Na iminência de um novo ataque israelense, na manhã de segunda-feira, o Hamas anuncia que, finalmente, aceitou um acordo. Tarde de celebrações em Gaza e de manifestações de familiares de reféns nas ruas de Israel, suspense nos EUA, na ONU e em capitais europeias: qual será a resposta do governo de Netanyahu?

Foi esta: “O acordo aprovado pelo Hamas não é o que foi aceito por Israel”. (Nele há um jabuti, como acontece, às vezes, em projetos no Congresso, em Brasília: “permanente” cessação de hostilidades, onde deveria estar temporária.)

Noite de guerra, com explosões e invasão de tanques em Rafah. Uma delegação de Israel vai ao Cairo ou Doha prosseguir negociações. A porta para um acordo não está fechada. O diretor da CIA, Bill Burns, continua na região, tentando conciliar as duas versões do acordo -- a de Israel e a do Hamas. Lembranças da polêmica resolução 242 da ONU que, para os israelenses, exigia a devolução DE territórios ocupados, mas para os palestinos, a devolução DOS territórios ocupados. Até hoje a resolução não foi executada.

O ataque de Israel a Rafah tem limite, ou vai se estender pela região em que estão mais de 1 milhão de palestinos? A Arábia Saudita pediu à comunidade internacional para “intervir imediatamente para parar o genocídio levado a cabo pelas forças de ocupação”. A Jordânia acusou Netanyahu de pôr em risco um acordo de trégua e devolução de reféns.

Netanyahu está numa encruzilhada: se segue em direção a um acordo de paz, seus ministros de extrema-direita o abandonam, tirando-lhe a maioria no Parlamento; se toma o caminho da guerra, perde o apoio dos EUA, a proteção na ONU e o fornecimento de armas, e as manifestações para que renuncie vão paralisar Israel.

O secretário de Estado Antony Blinken deverá informar ao Congresso, até quarta-feira, se Israel está cumprindo a lei internacional ao usar armamento dos EUA. Pode ser o princípio de descolamento do presidente Biden do governo Netanyahu, a seis meses das eleições para a Casa Branca.

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