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Acusado de esquema de pirâmide com criptomoedas movimentou R$ 38 bi em 6 anos

Glaidson Acácio foi preso na última semana com R$ 14 milhões em espécie em casa

Marcus Sadok, da BandNews FM Rio e Jornal da Band

O empresário preso acusado de comandar um esquema de fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, movimentou R$ 38 bilhões em contas bancárias nos últimos seis anos. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) encaminhado à Polícia Federal aponta que, só nos últimos 12 meses, foram cerca de R$ 17 bilhões movimentados por Glaidson Acácio dos Santos.

Segundo as investigações, a empresa de Glaidson acácio causava fraudes ao sistema financeiro nacional porque não tinha autorização para fazer as aplicações em moeda digital. Para a PF, entre os crimes apurados, há a possibilidade de corrupção e lavagem de dinheiro até para o tráfico de drogas.

O dono da empresa GAS Consultoria Bitcoin e outros dois acusados de fazer parte do esquema tiveram as prisões preventivas mantidas pela Justiça Federal, no fim de semana. Dois alvos foram soltos. A esposa de Glaidson, Mirelis Zerpa, de 38 anos, é considerada foragida. Ela é procurada pela Interpol, já que teria ido para os Estados Unidos.

Glaidson foi preso na última quarta (25), na casa dele, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Durante busca e apreensão, os agentes apreenderam quase R$ 14 milhões em espécie, guardadas em malas, além da a maior apreensão de criptomoedas da história do Brasil: aproximadamente R$ 150 milhões em criptoativos. Os agentes apreenderam ainda 21 carros de luxo, relógios de alto padrão e joias. Para a Polícia Federal, Glaidson planejava fugir do país antes da operação.

Segundo o Ministério Público Federal, o grupo oferecia vantagens de 10% de lucro para quem investisse em criptomoedas pela empresa de Glaidson. Os valores, porém, jamais eram aplicados, de acordo com a investigação.

Glaidson era garçom e ganhava R$ 800 reais por mês até se tornar dono da GAS - a empresa de Cabo Frio entrou na mira da polícia depois que R$ 7 milhões foram apreendidos em abril, prestes a serem levados de helicóptero de Búzios (RJ) para São Paulo.

A defesa de Glaidson nega qualquer irregularidade. 

“Novo Egito”

A cidade de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro se tornou um paraíso dos golpes do tipo pirâmide financeira, que são esquemas que prometem dinheiro rápido e lucro alto. Em referência à frequência com que esse tipo de crime acontece no município, a cidade está sendo chamada de "Novo Egito" - relação com a cidade famosa pelas pirâmides da antiguidade.

A Polícia Civil é o Ministério Público criaram até uma força tarefa para tentar identificar os envolvidos na guerra por consultorias para pessoas que querem investir nas moedas virtuais na Região dos Lagos.

A força-tarefa foi criada após a morte do investidor Wesley Pessano Santarém, de 19 anos, ocorrida no dia 4 de agosto. Câmeras de segurança mostraram um carro próximo à casa dele 25 minutos antes do crime e, logo depois que o Porshe da vítima passa, os criminosos vão atrás. 

Ele foi morto a tiros dentro do carro, em São Pedro da Aldeia, cidade vizinha. A vítima se gabava na internet de ter feito fortuna do nada, investindo em criptomoeda.

Uma das linhas de investigação é de que a motivação do crime teria sido exatamente a disputa de empresas da região por pessoas dispostas a investir na modalidade ou ainda que um cliente de Wesley Pessano teria mandado matá-lo, depois de cair em um golpe com a promessa de lucro rápido.

Nos últimos seis anos, a movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias, sendo que, aproximadamente 50% aconteceu nos últimos 12 meses. A ação da PF conta com apoio do Ministério Público Federal e Receita Federal.

Os investigados podem responder pelos crimes de gestão fraudulenta/temerária, instituição financeira clandestina, emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, os acusados podem cumprir pena de até 26 anos de reclusão.

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