No Brasil, mais de 71 mil pessoas viviam em estruturas improvisadas em espaços públicos, como calçadas, viadutos e praças, em 2022. A maior parte delas, em barracas de lona, tendas e estuturas montadas com caixas de papelão, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (06/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostra que mais de 43 mil brasileiros tinham como endereço um estabelecimento comercial em funcionamento. É o caso de operários que dormem na própria fábrica, por exemplo.
Casas inacabadas ou deterioradas foram o lar de mais de 17 mil pessoas no país. Havia 1.875 brasileiros morando em veículos, como trailers, caminhões, carros e barcos, e mais de 26 mil abrigados em estruturas naturais, como cavernas e árvores.
Os dados constam no Censo 2022, último levantamento do tipo realizado no país. A pesquisa indica que, no total, 160 mil brasileiros viviam em casas improvisadas, além das mais de 35 mil abrigados em abrigos por alguma situação de vulnerabilidade. Esse universo representa cerca de 0,1% da população brasileira.
Segundo o IBGE, os moradores de domicílios improvisados são em geral mais jovens do que a média nacional. Enquanto crianças de zero a nove anos representavam 13% da população brasileira, essa faixa etária ocupava 18,8% das tendas e barracas espalhadas pelo país, e chegou a representar 20,5% dos ocupantes de estruturas improvisadas em locais públicos, como barracões de papelão.
São Paulo é o estado que concentra o maior número de moradores para todos os tipos de domicílios improvisados, com a exceção dos veículos (incluindo barcos), que é uma tendência mais forte no Amazonas. Em todos os tipos de moradia improvisada, a maioria dos moradores é de homens.
O censo não chega a mensurar a população de rua do país, ressalva o órgão. "Esse universo de pessoas que estamos divulgando não é, necessariamente, uma população que pode ser classificada como população de rua como um todo. Há exemplos de moradores de tendas ou barracas em áreas rurais, ocupações de disputa de terra, entre outros exemplos. Assim como há pessoas em situação de rua que não estão nessa classificação porque não têm nenhum tipo de domicílio improvisado, porque dormem em um papelão na rua, ou similares", destaca Bruno Perez, analista do IBGE.
Domicílios coletivos
Os dados liberados nesta sexta tratam ainda da população que vive em domicílios coletivos. O IBGE identificou que 837 mil pessoas (0,4% da população) têm como residência principal domicílios coletivos, que são instituições regidas por normas administrativas, como presídios, asilos, orfanatos e clínicas. Em 2010, eram 682 mil brasileiros nessa situação, o que representa um aumento de 22% nesse estrato da sociedade.
Os moradores de penitenciárias são mais da metade desse grupo: 479 mil. O censo contabilizou pessoas que já têm condenação ou que estavam há pelo menos 12 meses preso.
A segunda categoria com mais moradores foi "asilo ou outra instituição de longa permanência para idosos", com 161 mil pessoas, ou 0,1% da população brasileira. Mais de 80% dessas pessoas estão no Sul e no Sudeste do país, regiões mais envelhecidas e com maior oferta dessas instituições.
De acordo com o levantamento, há 11.295 brasileiros que vivem em abrigos voltados à população de rua. Metade dessas pessoas estão no estado de São Paulo.
Milhões de casas vazias
O IBGE também investigou quantas são e onde estão as residências sem moradores. Há dois tipos: os domicílios vagos e os domicílios de uso ocasional.
No caso dos domicílios totalmente ociosos no Brasil – que não estavam ocupados nem sendo utilizados ocasionamente –, eles eram 11,4 milhões em 2022.
O segundo tipo analisado pelo instituto engloba estruturas residenciais utilizadas mas que não são a residência principal de nenhuma pessoa, como casas de veraneio e imóveis residenciais para locação de curta duração. Em 2022, havia 6,7 milhões delas.
sf/md (ABr, ots)