Apesar de guerras, número de jornalistas mortos cai em 2023

Em todo mundo, 45 jornalistas foram mortos durante o exercício da profissão nos primeiros 11 meses do ano. Somente no conflito israelo-palestino foram 17

Por Deutsche Welle

Apesar de guerras, número de jornalistas mortos cai em 2023
Colegas lamentam mortes de jornalistas após bombardeio em Gaza - 10 de outubro
REUTERS/Arafat Barbakh

Apesar dos atuais conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, menos jornalistas morreram em 2023 no exercício da profissão do que no ano passado, informou nesta quinta-feira (14) a ONG internacional Repórteres sem Fronteiras, em um balanço anual.

Nos primeiros 11 meses de 2023, 45 jornalistas foram mortos trabalhando – 16 a menos que no ano anterior.

O número é o menor desde 2002, quando 33 profissionais foram assassinados. De acordo com a ONG, o motivo para a redução se deve, em grande parte, pelo menor número de mortes de profissionais de imprensa na América Latina, onde seis repórteres foram mortos este ano, contra 26 em 2022.

Mortes em conflitos

Embora cerca de 63 jornalistas tenham sido mortos no Oriente Médio desde o início do conflito entre Isarel e o grupo radical islâmico Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, apenas 17 dessas mortes se enquadram como óbito durante o exercício da profissão, segundo a RSF.

"Isso não diminui a tragédia em Gaza, mas estamos observando uma queda regular dos números, além de estarmos muito longe dos 140 jornalistas mortos em 2012 e 2013 por causa das guerras na Síria e no Iraque", disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

Segundo ele, a diminuição de mortes se deve aos esforços de organizações intergovernamentais e ONGs para combater a impunidade, além de uma maior "prudência" por parte dos próprios repórteres.

Dos 17 jornalistas que a RSF contabilizou como mortos por causa da profissão no Oriente Médio desde a eclosão do atual conflito, 13 morreram por fogo israelense em Gaza, três no Líbano e um foi morto em Israel pelo Hamas.

Em razão dessas morters, em novembro, a RSF apresentou uma queixa no Tribunal Penal Internacional por "crimes de guerra".

A guerra na Ucrânia também custou a vida de dois jornalistas em 2023, incluindo um da agência de notícias AFP: Arman Soldin foi "o único repórter que perdeu a vida fora de seu próprio país", menciona a RSF.

Um total de 11 repórteres foram mortos desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.

Brasil continua perigoso para jornalistas, mas sem mortes

Em 2023, até agora, o Brasil não registrou nenhuma morte de jornalista durante o exercício da profissão. Apesar disso, o assédio e a violência online, especialmente contra mulheres, continuam a crescer, aponta a ONG. Jornalistas responsáveis pela cobertura de casos de corrupção e política são os mais expostos à violência.

Em 2022, pelo menos três assassinatos de jornalistas foram registrados pela RSF, incluindo britânico Dom Phillips, morto na Amazônia ao lado do indigenista Bruno Pereira durante uma investigação sobre crimes ambientais em terras indígenas.

Nos últimos dez anos, pelo menos 30 jornalistas foram assassinados no Brasil, tornando o país o segundo mais perigoso da América Latina para a imprensa nesse período, atrás apenas do México.

A RSF adverte que o México continua sendo um local de grande risco para jornalistas, citando sequestros e ataques contínuos, apesar do número de mortes ter caído de 11 em 2022 para quatro este ano.

Dos 84 jornalistas considerados desaparecidos em todo o mundo, cerca de um terço é mexicano.

Jornalistas presos

O número de jornalistas presos caiu de 569 em 2022 para 521 este ano, com Belarus se juntando à China e a Myanmar como "uma das três maiores prisões do mundo".

A Turquiae o Irã também prendem jornalistas constantemente, segundo o relatório. Um total de 54 jornalistas estão sendo mantidos reféns em cinco países: Síria, Iraque, Iêmen, México e Mali. O número também diminuiu em comparação com os 65 de 2022.

lr/le (AFP,ots)

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