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Assassinato de jogador de 17 anos pela polícia deixa Argentina em choque

Jovens foram interceptados por um veículo sem identificação usado pelos policiais e fugiram pensando que era um assalto

Ana Carla Bermúdez, colaboração para a Band, em Montevidéu (URU)

Lucas, que estava no assento do acompanhante, foi atingido por dois disparos no crânio Reprodução
Lucas, que estava no assento do acompanhante, foi atingido por dois disparos no crânio
Reprodução

O assassinato de um jovem jogador de futebol pela polícia vem mobilizando a Argentina desde a última semana. Jogador das categorias de base do Barracas Central, o adolescente Lucas Gonzalez, de 17 anos, morreu na quinta-feira (18) após ser atingido por dois tiros na cabeça --os disparos foram efetuados por policiais.

Lucas e três companheiros de time voltavam de um treino no bairro de Barracas, no sul da cidade de Buenos Aires, quando o carro em que estavam foi interceptado pelo veículo dos policiais, que não tinha nenhum tipo de identificação. 

Pensando se tratar de um assalto, os jovens tentaram fugir. Após uma breve perseguição, os policiais abriram fogo contra o carro em que estavam os adolescentes. 

Lucas, que estava no assento do acompanhante, foi atingido por dois disparos no crânio. Ele morreu horas depois em um hospital em Buenos Aires. Pelo menos outros três tiros atingiram o veículo.

Após o ocorrido, os três amigos de Lucas foram detidos pelos policiais por mais de dez horas. Os oficiais chegaram a declarar que, durante a perseguição, um dos amigos de Lucas mostrou uma arma, o que teria motivado o início dos disparos pelos oficiais. Um revólver de brinquedo foi encontrado no carro dos adolescentes.

Essa versão, no entanto, logo passou a ser questionada durante as investigações do caso. De acordo com o jornal argentino La Nación, promotores suspeitam que a arma de brinquedo tenha sido plantada pelos policiais.

Os três policiais acusados do assassinato de Lucas se entregaram no sábado (20) e estão presos, à disposição da Justiça. Eles são investigados pelo homicídio do jovem jogador e também pela tentativa de homicídio dos três adolescentes que o acompanhavam. 

Os oficiais devem responder ainda aos crimes de falsidade ideológica e privação ilegal de liberdade.

Segundo os promotores, os jovens permaneceram dez horas detidos e “privados ilegalmente de sua liberdade” devido às “ações ilegais e versões falaciosas” dos policiais envolvidos no caso.

Mãe de Lucas, Cintia López acusa os policiais de terem atirado para matá-lo. “Não podem apontar uma arma e disparar contra meninos”, disse.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, também se manifestou. No Twitter, ele escreveu: “Não é possível que policiais, que devem estar a serviço da segurança de argentinas e argentinos, acabem com a vida de quem deveriam proteger”.

Nas redes sociais, internautas usam a hashtag #JusticiaPorLucas para falar sobre o caso. Clubes argentinos como o Boca Juniors e River Plate também se mobilizaram. Dias após o crime, o Barracas Central entrou em campo para disputar uma vaga na primeira divisão do futebol argentino --acabou derrotado pelo Tigre na partida única.

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