Na Alemanha, cinco ativistas do clima ligados ao grupo Letzte Generation (Última Geração) terão de responder na Justiça às acusações de formação de organização criminosa, coerção, dano material e perturbação do serviço público.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (21/05) pela Promotoria em Neuruppin, no estado alemão de Brandemburgo. A denúncia se baseia em ações realizadas pelos ativistas entre abril de 2022 e maio de 2023.
Uma delas consistiu em ataques a refinarias de petróleo em Schwedt, cidade próxima à fronteira com a Polônia, e sabotagem de dutos em Brandemburgo e Meclemburgo-Pomerânia Ocidental. Outra visou o aeroporto de Berlim, quando manifestantes se grudaram a pistas de pouso e decolagem para impedir o tráfego áereo e despejaram tinta sobre um jatinho particular.
No Museu Barberini, em Potsdam, ativistas lançaram purê de batatas contra a obra Les Meules, de Claude Monet – não houve danos à pintura, que era protegida por uma camada de vidro, segundo o museu.
A Promotoria alega ter suspeitas fundamentadas de que os ativistas concordaram em agir juntos "pelo menos até maio de 2023" e com "estrita divisão de tarefas" para o cometimento de crimes. Se condenados, podem pegar entre cinco e dez anos de prisão.
Membros do Letzte Generation já estão na mira das autoridades alemãs há algum tempo. Em dezembro de 2022, ativistas foram alvos de operações de busca e apreensão em vários estados. O Ministério Público em Munique e Flensburg também investiga pessoas ligadas ao grupo por suspeita de formação de organização criminosa.
O Letzte Generation, que justifica suas ações como meio de pressão sobre o governo para a tomada de ações mais enérgicas contra a crise climática, classifica as investigações como tentativa de intimidação e afirma que seus protestos estão sendo criminalizados injustamente.
Em comunicado divulgado pelo grupo, um dos denunciados disse que a acusação de formação de organização criminosa é um "sinal devastador a todos que se engajam pacificamente em meio a essa crise da humanidade".
Grupo parou o aeroporto de Munique na semana passada
No último sábado, ativistas do grupo bloquearam uma das pistas do aeroporto de Munique, no sul da Alemanha, levando ao seu fechamento temporário no início do feriadão de Pentecostes, um dos períodos de maior movimento do local.
Ativistas têm mirado aeroportos porque a aviação é um dos setores que mais emite CO2 – na Alemanha, responde por quase 10% das emissões que aquecem o planeta.
Críticos das ações afirmam que elas jogam a opinião pública contra a causa climática. Já os manifestantes veem neste tipo de protesto a única forma de chamar a atenção para o iminente colapso do planeta.
No início, o grupo se notabilizou por interromper o tráfego urbano em cidades – ação que lhes rendeu o desprezo e a ira de muitos motoristas, além de um processo pela mesma acusação de formação de organização criminosa, que acabou não prosperando na Justiça de Berlim.
ra /le(dpa, AFP, DW ots)