A Austrália vai retirar as condecorações de antigos comandantes militares que serviram no Afeganistão, cujas unidades estiveram envolvidas em crimes de guerra, segundo o ministro da Defesa, Richard Marles, nesta quinta-feira (12/09).
Marles declarou que a decisão é necessária "para corrigir os erros do passado".
Uma investigação oficial que abordou um período de 11 anos, de 2005 a 2016, concentrou-se na morte de 39 civis e prisioneiros no Afeganistão pelas forças especiais de elite da Austrália.
A investigação, conduzida pelo general Paul Brereton, descobriu que cerca de 25 soldados australianos do Regimento de Serviço Aéreo Especial e do Regimento de Comando estavam envolvidos na morte de 39 afegãos.
"As mais sérias acusações de crimes da nossa história" - Marles
"Os relatos e registros, que são o assunto do Relatório Brereton, são indiscutivelmente as mais sérias alegações de crimes de guerra da nossa história", disse Marles ao Parlamento.
A investigação, que durou quatro anos, revelou uma "subcultura de elitismo e desvio dos padrões aceitáveis", conta Marles, o que "justificou uma ação mais séria, ponderada e completa".
Quase todas as recomendações do relatório foram adotadas
O ministro da Defesa, Marles, disse que 139 das 143 recomendações do relatório foram adotadas, incluindo a retirada de medalhas, indenizações para famílias das vítimas e uma reforma nas práticas das unidades.
O Relatório Brereton também sugeriu que 19 indivíduos fossem encaminhados à Polícia Federal Australiana, mas esse processo tem se mostrado mais lento.
"Qualquer processo de crime de guerra cometidos por australianos correrá em tribunais australianos”, acrescentou Marles, chamando os eventos de "questão de vergonha nacional".
Após os ataques de 11 de setembro em território norte-americano, a Austrália enviou mais de 26.000 soldados ao Afeganistão para lutar ao lado dos EUA e das forças aliadas contra o Talibã, a Al Qaeda e outros grupos terroristas islâmicos.
(AP, dpa, Reuters, AFP)