Após diversos escândalos, a bancada de extrema direita do Parlamento Europeu Identidade e Democracia (ID) excluiu de seus quadros, nesta quinta-feira (23/05), os deputados do partido de ultradireita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), com efeito imediato.
O estopim mais recente foram as declarações do principal eurodeputado alemão minimizando o grau de criminalidade da organização paramilitar nazista SS, em entrevista a um jornal italiano, no fim de semana.
"O grupo ID não quer estar associado aos incidentes em torno de Maximilian Krah, o principal candidato da AfD nas eleições europeias", declarou a sigla ultradireitista italiana Liga, cujo parlamentar Marco Zanni é presidente da ID.
A agência de notícias AFP cita um esboço de resolução da bancada, segundo o qual "uma série de incidentes" envolvendo Krah e a delegação alemã teria prejudicado a "coesão e reputação" do grupo europeu de extrema direita.
Segundo fontes internas da ID, além da Liga, teriam votado a favor da exclusão o partido francês Reunião Nacional (RN), o belga Interesse Flamengo (VB), o dinamarquês Partido Popular Dinamarquês (DF) e o tcheco Liberdade e Democracia Direta (SPD). Manifestaram-se contra o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) e um partido da Estônia. Até agora, a Identidade e Democracia contava com 58 eurodeputados, sendo nove deles da AfD.
A exclusão da legenda alemã tem, acima de tudo, caráter simbólico, pois só após as eleições europeias, em duas semanas, o Parlamento voltará a se reunir, e então as bancadas possivelmente se reagruparão. A legenda alemã declarou-se confiante de que conseguirá novos aliados após o pleito, mascado para 9 de junho.
Entrevista fatídica para Krah
Na segunda-feira, os populistas de direita franceses da Reunião Nacional (RN), liderada por Marine Le Pen, já haviam rompido a colaboração com a AfD. A legenda alemã ainda tentara contornar a decisão, apelando para que fosse excluído apenas seu candidato Krah.
Em mensagem à diretoria da ID, a presidente da delegação da AfD, Christine Anderson, argumentara que o comportamento do eurodeputado não justificava o afastamento de todos os membros. A liderança partidária em Berlim já havia proibido Krah de se apresentar nos eventos públicos. Em resposta, ele anunciou que se retirava da diretoria federal e interromperia a campanha eleitoral.
A SS foi uma organização paramilitar do regime nazista (1933-1945) com papel central no aparato policial do Terceiro Reich e na execução do Holocausto, construindo e dirigindo campos de extermínio em que morreram milhões de europeus, sobretudo judeus.
Ao longo da sua história, a SS também incluiu formações militares mais tradicionais, agrupadas na Waffen-SS, aberta a membros não alemães e também implicada em crimes de guerra. Em suas declarações ao jornal La Repubblica, Maximilian Krah comentara que "nunca diria que qualquer um que usasse um uniforme da SS era automaticamente um criminoso".
av/le (AFP,DPA)