Está cancelado o Natal em Belém. A cidade em que Jesus nasceu não fará Missa do Galo, não será iluminada e nem terá sua tradicional árvore na Praça da Manjedoura. Assim decidiram os líderes cristãos palestinos, na semana passada, em solidariedade aos irmãos de Gaza.
Uma comissão de cristãos palestinos foi à Washington levar a notícia à Casa Branca, ao Congresso e ao jornal Washington Post, que a publicou hoje: "Por que o Natal foi cancelado em Belém".
"Isso é uma loucura", disse Munther Isaac, pastor da Igreja Evangélica Luterana de Natal de Belém, ao jornalista Ishaan Tharoor. "Isso se tornou um genocídio, com 1,7 milhão de pessoas deslocadas."
O presente de Natal que os cristãos de Belém foram pedir ao presidente Joe Biden é a trégua mais duradoura em Gaza, que está prevista para terminar nesta quinta-feira. Na carta com o pedido está escrito:
"Deus colocou os líderes políticos em uma posição de poder para que eles possam fazer justiça, apoiar aqueles que sofrem e ser instrumentos da paz de Deus. Queremos um cessar-fogo constante e abrangente. Chega de morte. Chega de destruição. Essa é uma obrigação moral. Deve haver outros caminhos. Esse é o nosso apelo e a nossa oração neste Natal."
Os cristãos são cerca de 2% da população palestina na Cisjordânia, e menos de 1% em Gaza, ou menos de 1.000, a maioria sem teto porque os bombardeios israelenses atingiram a mais antiga igreja onde tinham se refugiado.
Por oito anos fui à Belém (Bethlehem em árabe e hebraico), no Natal. Na primeira vez, as FDI (Forças de Defesa de Israel) eram uma presença ostensiva entre os peregrinos. Depois, foram ficando invisíveis, sobre os tetos na Praça da Manjedoura e da Igreja da Natividade. Vi crescer, cada ano um pouquinho, um verdadeiro pinheiro, escondido na quina de uma casa. A árvore oficial sempre foi artificial, decorada com algodão. A missa da meia-noite de Natal era transmitida para o mundo, antes da do Vaticano. A procissão vinha a pé de Jerusalém.
Acaba hoje o cessar-fogo entre Israel e Hamas
Hoje acaba o cessar-fogo entre Israel e Hamas, que pode ser de novo adiado. Os inimigos já anteciparam que aceitam uma extensão por até mais quatro dias, ou enquanto houver troca de reféns por prisioneiros.
Nos primeiros cinco dias de cessar-fogo, o Hamas libertou 81 reféns, entre mulheres e crianças, em troca de 180 prisioneiros palestinos em Israel. Mais 10 por 30 deverão ser trocados nesta quarta-feira. O problema vai começar quando restar soldados e reservistas nos túneis do Hamas.
O câmbio para militares não deve ser o mesmo usado para libertar mulheres, crianças e idosos. Um soldado israelense, Gilad Shalit, valeu 1.027 prisioneiros soltos, em outubro de 2011, cinco anos depois que foi sequestrado. A situação atual é diferente. Israel, dentro de Gaza, depois de ter sofrido um massacre em que morreram 1.200 pessoas, quer recomeçar a guerra devastadora que está interrompida.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está encurralado entre o presidente Biden e a sua coligação, um pedindo paz e negociações para um estado palestino, a outra ameaçando derrubar o governo se a guerra não recomeçar. A análise foi publicada hoje pelo Haaretz, assinada por Aluf Benn.