Biden a Israel: “Hora de fechar acordo” para o fim da guerra

Por Moises Rabinovici

Biden a Israel: “Hora de fechar acordo” para o fim da guerra
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos
REUTERS/Marco Bello

O presidente Joe Biden disse ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que chegou a hora de fechar o acordo de cessar-fogo e libertação dos reféns com o Hamas. Os dois conversaram por 30 minutos ao telefone nesta quinta-feira. Uma delegação israelense parte para Doha, no Catar, nesta sexta-feira, onde participará com catarianos, egípcios e americanos de uma rodada de negociações que estavam paralisadas desde junho.

O acordo é o mesmo já apresentado pelo presidente Biden, endossado pela ONU e aprovado pelo extinto Gabinete de Guerra de Israel, que seria seu autor. As mudanças pedidas pelo Hamas, que reavivaram as negociações, são cosméticas, à primeira vista: a troca de “fazer todos os esforços” para “se comprometerão”, no artigo 14, em que EUA, Catar e Egito, com a nova redação, se comprometem a alcançar um acordo para a sua fase dois. A outra mudança, no artigo 8, foi a troca da palavra “incluindo”, por outra proposta pelos EUA e aceita por Israel. O contexto não foi divulgado, mas autoridades israelenses disseram que a redação final, agora, permite ambiguidade para ambas as partes.

Na primeira fase do acordo, o Hamas vai libertar mulheres (civis e soldadas), homens com mais de 50 anos e quem estiver em estado médico crítico, em troca de 900 prisioneiros palestinos, entre eles mais de 150 condenados à prisão perpétua por assassinato de israelenses. Nesta fase haverá 42 dias de trégua. Na segunda fase, o cessar-fogo deve se converter em “cessação permanente das hostilidades”, com a libertação dos restantes reféns, vivos ou mortos, calculados em cerca de 120. A terceira fase trata da reconstrução de Gaza e de ajuda humanitária.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse a familiares de reféns: “Estamos mais perto de um acordo do que nunca”. Ele sugeriu que os israelenses lotem as ruas para impedir que Netanyahu “torpedeie” o acordo, cedendo a seus ministros ultranacionalistas que tem os votos para derrubá-lo no parlamento. Isso explicaria por que o primeiro-ministro fala em cessação de hostilidade ao mesmo tempo em que promete continuar a guerra até liquidar o Hamas como força política e militar.

O presidente Biden saudou a decisão de Netanyahu de mandar uma delegação ao Catar. Para ele, um acordo representará uma grande vitória depois do seu fracassado debate com Donald Trump, há uma semana. A vice-presidente Kamala Harris participou da conversa com Netanyahu. Nela falou-se também do Líbano, onde caças israelenses quebraram a barreira do som sobre várias cidades, inclusive Beirute, para alertar que uma guerra geral pode irromper com os disparos de mísseis e drones do Hezbollah contra a Galileia, o Golã e outras cidades do norte, esvaziadas de sua população.

O porta-voz do Hamas em Beirute, Ahmmed Abdel Hadi, suspeita que Netanyahu não queira um acordo, “mas se houver um, excelente, e se não houver, a resistência vai continuar”. Os negociadores calculam que o acordo à mesa poderá ser fechado dentro de duas a três semanas.

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