O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden persistiu nesta sexta-feira (05/07) na defesa da sua candidatura à reeleição, durante uma entrevista na qual tentou se esquivar de perguntas sobre sua agilidade mental.
A entrevista à rede de TV ABC pretendia virar a página em relação ao seu desempenho fraco no primeiro debate eleitoral contra Donald Trump. "Eu não acho que ninguém é mais qualificado para ser presidente e vencer essa eleição do que eu", afirmou o presidente democrata, de 81 anos, em uma tentativa de silenciar as vozes dentro do seu próprio partido que vêm lhe pedindo para reconsiderar sua presença na disputa eleitoral.
Biden respondeu evasivamente às perguntas do jornalista George Stephanopoulos sobre sua capacidade cognitiva. Quando perguntado se estaria disposto a se submeter a um teste, o presidente respondeu: "Faço um teste cognitivo todos os dias. Não estou apenas fazendo campanha, mas também dirigindo o mundo."
Debate
Durante 22 minutos, Biden atribuiu seu mau desempenho no debate contra Trump, durante o qual se mostrou confuso e cansado, a uma "noite ruim" causada por um resfriado e cansaço extremo.
"Estava doente, eu me sentia péssimo", explicou o presidente, que não acredita nas pesquisas que dão a Trump uma vantagem em nível nacional e nos estados-chave. Para ele, a disputa com o republicano está acirrada.
Em resposta, a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, escreveu na rede X que "Biden está em em negação e em decadência".
Pressão
Aliados de Biden foram menos duros, porém críticos. "O presidente está legitimamente orgulhoso da sua história, mas perigosamente desconectado das preocupações das pessoas com sua capacidade de avançar e sua posição nessa corrida", publicou na rede social X o influente David Axelrod, ex-estrategista de Barack Obama.
Quatro congressistas democratas também pediram a Biden que desista da disputa. A governadora democrata de Massachusetts, Maura Healey, pediu que ele avalie sua candidatura "cuidadosamente". "A decisão tem de ser tomada pelo presidente. Nos próximos dias, peço a ele que ouça o povo americano e avalie cuidadosamente se ele continua sendo nossa melhor esperança para derrotar Donald Trump", disse a governadora, que é apontada como uma possível substituta para Biden pela imprensa americana.
O presidente vem ignorando os apelos: "Se o Senhor todo-poderoso descesse e dissesse: ‘Joe, deixe a corrida', eu deixaria a corrida. Mas ele não vai descer", disse Biden.
O democrata parecia bem menos enérgico na entrevista do que durante um comício no qual discursou com a ajuda de um teleprompter pouco antes, no estado de Wisconsin, e no qual afirmou: "Sou candidato e vou vencer novamente."
"Deixem-me ser claro: sigo na corrida. Vou derrotar Donald Trump" nas eleições de novembro, insistiu Biden, diante de milhares de apoiadores. Combativo e determinado, ele tentou responder às preocupações sobre sua idade. "Acham que sou muito velho para vencer Donald Trump?", perguntou, recebendo um enfático "Não!" do público como resposta.
jps (AFP, Reuters, EFE)