Um tribunal em Genebra, na Suíça, condenou nesta sexta-feira (21/06) quatro membros de uma família de bilionários britânicos a até quatro anos e meio de prisão por exploração de trabalhadores domésticos.
Os membros da família Hinduja, de origem indiana, foram acusados de maus tratos a trabalhadores contratados da Índia, na maioria, analfabetos. Eles confiscavam seus passaportes e os forçavam a trabalhar até 16 horas por dia sem pagamento de horas extras.
Os trabalhadores recebiam por mês entre 200 e 400 francos suíços (entre R$ 1.2 mil e R$ 2,4 mil); valor 90% menor do que se espera receber pelos menos serviços na Suíça. Esse montante, porém, era pago em rúpias indianas em contas bancárias na Índia às quais os funcionários não tinham acesso direto.
"Eles lucram com a miséria do mundo", afirmou à corte o promotor público de Genebra Yves Bertossa. Ele acusou a família Hinduja de gastar mais com seus cães do que com seus funcionários.
Família mais rica do Reino Unido
A família é proprietária do Grupo Hinduja, que realiza negócios no setor bancário e em empresas de petróleo, mídia, entretenimento, seguros de saúde e na indústria química.
Com uma fortuna estimada em 47 bilhões de dólares (R$ 255 bilhões), o patriarca Gopi Hinduja e sua família encabeçam a lista do jornal Sunday Times dos 350 mais ricos no Reino Unido – Gopi, porém, não estava envolvido no caso em Genebra.
Os membros da família foram condenados por usura, ou seja, pela exploração de trabalhadores em condições vulneráveis.
Prakash Hinduja e sua esposa Kamal foram condenados a quatro anos e seis meses de prisão. O filho do casal Ajay Hinduja e sua esposa Namrata receberam penas de quatro anos. O administrador dos negócios da família foi sentenciado a uma pena de prisão suspensa de 18 meses.
Bilionários vão recorrer na Justiça
"Os quatro Hinduja sabiam a posição vulnerável na qual seus funcionários estavam e conheciam a lei da Suíça", afirmou a juíza Sabina Mascotto em sua decisão. A corte ainda retirou as acusações mais graves de tráfico de pessoas que pesavam sobre os réus.
Os advogados da família disseram que eles vão recorrer na Justiça contra as condenações. A defesa alegou durante o julgamento que os trabalhadores recebiam vários benefícios e tentou minimizar as acusações de exploração. Um dos advogados disse que os trabalhadores estavam "gratos aos Hindujas por lhes oferecerem uma vida melhor".
Os quatro membros da família não estavam presentes no tribunal. Kamal Hinduja está internada em um hospital em Mônaco e os demais acusados também estavam no principado a acompanhando, disseram os advogados.
rc (AFP, AP)