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Aneel não trabalha com risco de apagão; diretor diz que é "sensível" com a pandemia

Datena

André Pepitone, diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), disse nesta quinta-feira (2) em entrevista à Rádio Bandeirantes que, mesmo com a crise hídrica e energética enfrentada pelo país, a instituição "não trabalha com o risco" de um novo apagão e nem de um racionamento. Ele ressaltou que para isso, no entanto, o "consumidor precisa ajudar".

"Nós não trabalhamos com risco de apagão. Estamos fazendo todos os esforços para que seja possível atender a carga, tomando todas as medidas para aumentar a geração e reduzir o consumo com medidas voluntárias. É importante que o consumidor nos apoie neste momento. Se desperdiçar, vai faltar. Por isso essa campanha nacional", disse.

Na última terça (31), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão apelando por um esforço coletivo na redução de consumo. De acordo com ele, para "aumentar a segurança energética e afastar o risco de falta de energia no horário de maior consumo é necessário que a administração e o consumidor participem de um esforço inadiável".

O diretor da Aneel afirmou ainda que, embora o brasileiro venha se deparando com uma série de aumentos nas contas de luz, a agência é "sensível" com os que sofrem mais com a recessão econômica, citando uma resolução que suspende o corte de fornecimento em residências de cidadãos beneficiados por programas sociais do governo federal.

"A agência é sensível com a pandemia. De março a julho de 2020 foi suspenso o corte de todos os consumidores residenciais do Brasil. De agosto até hoje está suspenso o corte daqueles menos assistidos, que fazem parte de programas sociais do governo, que têm o número de NIS [Número de Identificação Social], que usam o BPC [Benefício de Prestação Continuada]. São 12 milhões beneficiados com essa proibição."

"Quem opera o sistema é o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico]. O ONS todo dia se depara com um desafio: fornecer energia ao custo mais baixo para a população. Aí toma uma decisão, quanto usa de hidrelétricas e quanto usa de termoelétricas. Se usar muita térmica, podemos jogar água fora, o que não é bom para a população. O contrário também, se usar muita água e pouca térmica, pode faltar água. É um dilema diário que o operador tem que responder. Mas a agência reguladora trabalha com os menores preços possíveis."

Taxa extra da Aneel e eólicas

Na última terça (31), a agência anunciou a "bandeira escassez hídrica", que deve gerar uma cobrança extra de R$14,20 a cada 100 quilowatts-hora a partir deste mês. A bandeira anterior, vermelha patamar 2, era de R$9,49. A alta foi de quase 50%.

Segundo a Aneel, o impacto final na conta de luz será de 6,78% na tarifa média dos consumidores. A previsão é que o novo sistema funcione até abril de 2022.

"Estamos vivendo um desafio. O setor hidrelétrico mede as chuvas no país desde 1931, há 91 anos. É o pior histórico de chuvas em todo esse período. Isso afeta nosso setor, já que 60% da nossa geração é hidrelétrica. Sem água, precisamos operar com termelétricas. Agora temos todo o parque termelétrico funcionando. Só que, para funcionarem, há o custo do combustível. Do óleo diesel, do gás natural e do óleo combustível", explicou André Pepitone.

"O aumento se fez necessário para custear essa geração térmica. Agora, temos notícias boas. Estamos aguardando o período úmido que se inicia em outubro. As primeiras chuvas vão preencher o vazio do solo, não ajudam o setor, mas a partir de novembro ajudam. Aí geramos com as hidrelétricas e deixamos as térmicas de reserva. Outra boa notícia é que o Nordeste, onde estão as usinas eólicas, está gerando muita energia para atender toda a região e, com as linhas de transmissão, trazer energia para o Sudeste", completou.

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