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FHC: Fala de Eduardo Leite sobre homossexualidade é "teste" para o Brasil e para o PSDB

Datena

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elogiou o colega de partido e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, por se declarar homossexual publicamente. Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta sexta-feira (2), FHC afirmou que Leite foi "franco e corajoso" e que a atitude pode ser encarada como um "teste" para o Brasil e para o próprio PSDB, que considera lançar o governador para candidato à Presidência nas eleições de 2022.

A declaração de Leite foi feita nesta quinta (1º) em entrevista ao jornalista Pedro Bial. "Eu sou gay. E sou um governador gay, e não um gay governador, tanto quanto [Barack] Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso", disse, ressaltando que não tem nada a esconder.

"Gostei da declaração dele, sobretudo porque ele foi franco. O Brasil está cansado de gente que fala, fala e não diz nada. Tem que ser franco. Isso não quer dizer grosseiro, o atual presidente [Jair Bolsonaro] é mais grosseiro do que franco. É um tema delicado, ele assumiu que é homossexual e ponto. É até um teste para o Brasil. Não tenho objeção. Acho que vida pessoal não tem que ser julgada, vida pública é que tem. Isso tem que ser difundido. Achei importante ele ter tido a coragem de tocar em um tema que é tabu. Precisamos até ver se o PSDB terá a coragem de apresentar um candidato que se declara gay", afirmou FHC.

O ex-presidente ressaltou que, embora elogie a atitude do colega, não sabe dizer ainda qual nome apoiará dentro do partido para disputar a eleição de 2022.

"Claro que voto no PSDB, quero que alguém se lance de verdade como candidato. É cedo? Lula e Bolsonaro estão lançados. Daqui a pouco não tem mais espaço. Quem tiver capacidade de falar e ser ouvido terá meu apoio. Sou amigo do Tasso Jereissati, me dou bem com João Doria, conheço pouco Eduardo Leite. Nada disso é decisivo para mim. O que importa é a capacidade deles de ganhar apoio. E tem que ter o mínimo de simpatia, empatia com a massa, o eleitorado."

FHC: Impeachment depende das ruas

Mais cedo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que vai investigar Jair Bolsonaro por suspeita de crime de prevaricação. O inquérito atende uma notícia-crime enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos senadores Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid, Fabiano Contarato e Jorge Kajuru.

Para Fernando Henrique, a investigação, assim como o trabalho da comissão parlamentar de inquérito, abre espaço para que a Câmara determine a abertura de um pedido de impeachment.

"Eu, pessoalmente, sou reticente a impeachments em geral. Mas abre espaço, sim. Todo presidente tem apoio, mas, do mesmo jeito que o apoio vem, ele vai embora quando chega uma crise. Por causa da pandemia, falta um elemento no Brasil: o povo na rua querendo. Terminando a pandemia, as pessoas vão botar para fora o que estão sentindo, o sofrimento da alma", disse FHC.

A oposição marcou para o próximo final de semana mais uma série de protestos nas ruas das principais cidades do país a favor da abertura do processo contra o presidente. O PSDB, embora faça críticas constantes ao governo federal, não confirmou participação oficialmente.

"Eu vivi muitas crises, tenho 90 anos. As crises começam com coisas que os presidentes não prestam atenção e vira uma tempestade. O céu está encoberto e pode cair chuva, mas o presidente ainda vê sol. Não é verdade. A verdade é o sentimento da rua: medo da pandemia, desemprego, economia bamboleante e falta de desenho de futuro. Quando o presidente tem capacidade de se comunicar, tem um caminho. Fala ‘vem comigo’. Está faltando tudo isso. A conjuntura não é favorável, sanitária e econômica, mas não se vê um comando político expressivo."

"Já vi alguns impeachments, o ideal é não ter. Tem porque queremos? Não, tem quando o presidente não percebe que está errando (...). Ninguém resiste ao clamor do povo e nem deve resistir. Não torço porque é ruim, mas, se o presidente não despertar, vai acontecer."

CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA: