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Dino diz que discurso de Bolsonaro na ONU é mais um "desastre diplomático": "Recheado de fake news"

Datena

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), disse nesta terça-feira (21) à Rádio Bandeirantes que o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 76° Assembleia-Geral da ONU representa "mais um desastre diplomático" do Brasil. De acordo com ele, a fala do chefe do Executivo foi "recheada de fake news e agressões" contra a imprensa, contra governadores e contra a ciência, o que não será bem aceito pela comunidade internacional.

"Lamento muito, como brasileiro, que a voz mais importante da pátria seja tão mal utilizada, com um discurso recheado de fake news e agressões. Vimos agressões contra a imprensa, contra os governadores, contra a ciência, contra os médicos. Uma oportunidade perdida. O Brasil vai se isolando, e a conta aparece com a má vontade internacional contra nosso país, o que dificulta investimentos, faz com que o dólar suba e aumente os preços da comida, do combustível, do gás de cozinha. Foi mais um desastre diplomático cometido pelo presidente da República", disse.

"Se você vai a uma tribuna internacional, tem que levar em conta a realidade dos outros povos. Não pode fazer um discurso violento e arrogante. Ele disse, por exemplo, que nosso Código Florestal deve servir de exemplo, que nenhum país do mundo faz igual... Isso soa mal perante a comunidade internacional. É como se fosse a imposição de uma mentira", completou.

Dino fez referência ao momento do discurso em que Bolsonaro afirmou que "nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa" como a nossa e que "nosso Código Florestal deve servir de exemplo".

"São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500. Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental", declarou o presidente.

Ataque a governadores e prefeitos

O governador criticou ainda o trecho em que Bolsonaro atacou governadores ao citar as medidas de lockdown e distanciamento social determinadas para evitar a propagação do coronavírus.

Após lamentar as "mortes ocorridas no Brasil e no mundo", o presidente disse na Assembleia da ONU que "as medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo". Esse aumento de preços, ainda segundo o discurso, fez com que o governo federal concedesse "um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020".

Para Dino, trata-se de mais uma mentira.

"Temos que relacionar essa postura errada com os problemas que estamos atravessando. No meio do discurso, ele disse que a inflação do preço dos alimentos derivou do combate à pandemia. Isso é mentira. É mentira", disse o governador.

Preços dos combustíveis

Governadores de 19 estados e do Distrito Federal divulgaram uma carta, no início desta semana, rebatendo os argumentos do governo federal em relação à alta no preço dos combustíveis. Enquanto Bolsonaro diz que a inflação ocorre por causa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), os líderes dos estados afirmam que nenhum estado aumentou o imposto nos últimos 12 meses.

"Não são apenas os preços de combustíveis que estão subindo. Se fosse, poderia ser um problema com a tributação. Mas é em toda a economia. Alimentos, remédios, tudo está subindo. É falso que é apenas uma questão de tributação dos combustíveis. Outro aspecto é que, nos últimos 12 meses, os preços dos combustíveis aumentaram 40% para consumidores. E a tributação não aumentou em nenhum lugar do Brasil. Isso que os governadores tentam explicar. A questão é lógica", explicou Dino.

O governador ressaltou, por fim, que os impostos estão determinados na Constituição desde 1988, incluindo o ICMS.

"Do jeito que ele fala, parece que o ICMS foi inventado no ano passado. Não! Ele já foi ICM antes, existe há mais de 100 anos. Nós defendemos sempre que haja verdade para enfrentar o problema (...). Sou a favor até do fim do ICMS, mas, para isso, tem que rever a Constituição. Nenhum governador pode acabar com o ICMS, ele estaria cometendo um crime. Enquanto isso, basta presidente da República chegar ao presidente da Petrobras e definir a política certa."

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