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Omar Aziz: relatório final da CPI deve indiciar ao menos 30 investigados

Datena

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid no Senado Federal, disse nesta segunda-feira (4) à Rádio Bandeirantes que o relatório final da comissão parlamentar de inquérito deve pedir o indiciamento de pelo menos 30 investigados. Ainda de acordo com ele, o texto será embasado o suficiente para que seja "impossível" um eventual engavetamento por parte do procurador-geral da República, Augusto Aras.

"Até agora, os casos que temos são de conhecimento público. Em relação à apuração temos 34 ou 35 pessoas investigadas. A grande maioria vai ser indiciada. Acima de 30. Por diversas tipificações criminais. Estamos tendo auxílio de juristas, advogados, da OAB, de doutores da USP. Muitas pessoas colaboram para nos ajudar a concluir esse relatório e tipificar cada um dentro do que cometeram", disse Aziz.

Segundo o senador, embora a comissão não tenha o poder de convidar ou convocar o presidente Jair Bolsonaro para depor, o chefe do Executivo deve constar no relatório por "omissão, prevaricação e por propagação de medicamentos sem comprovação científica e da tese da imunização de rebanho".

"Isso é crime sanitário, crime contra a saúde. Mas precisamos esperar o relatório final e a contribuição dos juristas para dizer qual tipificação cada um dos investigados vai receber", completou.

A CPI entra nesta semana em sua reta final com os últimos depoimentos. Na terça (5), o colegiado recebe Raimundo Nonato Brasil, sócio da VTCLog, empresa que mantinha contrato com o Ministério da Saúde. Na quarta (6) é a vez do diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Paulo Roberto Rebello Filho, que será cobrado sobre as investigações da ANS contra a Prevent Senior.

Por fim, na quinta (7), existe a possibilidade de ao menos um dos médicos que denunciou supostas irregularidades na Prevent Senior compareça para depor.

A votação do relatório está inicialmente marcada para o dia 20 de outubro. A expectativa é que o parecer do relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), enquadre Bolsonaro e outros integrantes do governo por atos e omissões durante a pandemia.

Aziz: "Aras não tem como engavetar"

Omar Aziz afirmou ainda que considera ser "impossível" um eventual engavetamento dos trabalhos da CPI por parte do procurador-geral da República, Augusto Aras.

"Tudo começou lá atrás, quando o presidente virou para o Arthur Weintraub e falou 'dá uma analisada'. Ele ligou para Nise Yamaguchi, Paulo Zanotto, não sei mais quem, e formou o 'gabinete paralelo'. Eles quiseram até trocar a bula da cloroquina com um decreto! O ministro Braga Neto levou a uma reunião com o ex-ministro Mandetta e o almirante Barra Torres [diretor-presidente da Anvisa], mas o Barra Torres falou 'opa, mudar bula com decreto?'. Não foi para a frente, mas o governo nunca mudou de opinião, nunca mudou a política e o pensamento negacionista."

"Tudo é de conhecimento publico, não dá para engavetar. Não tem como, são quase 600 mil vidas perdidas. A contribuição que a imprensa deu nessa investigação foi muito valorosa. Até então, se o jornalista fazia uma notinha criticando o governo, o presidente chegava no 'cercadinho' e o 'cancelava' (...). Agora a imprensa continuará cobrando. Seja Aras, João, Raimundo, quem quer que seja, não tem como engavetar. Somos senadores e vamos continuar com voz no Congresso."

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