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Bolsonaro transformou política em lugar de agressão pessoal, diz Randolfe

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) demonstrou contrariedade nesta quarta-feira (21) com o vídeo divulgado dois dias antes nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na publicação, Bolsonaro insinua que Randolfe queria comprar a vacina Covaxin contra a covid-19, sem licitação e sem certificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Ele transformou a política no lugar da agressão pessoal, no espaço das 'fake news', no espaço da ofensa individual. Em algum momento, tem que ser dado um basta em relação a isso", disse à Rádio Bandeirantes.

Na terça (20), também nas redes sociais, Randolfe anunciou ter apresentado uma queixa-crime contra o presidente da República "por difamação, em razão de tentativa de ferir minha reputação mentindo sobre meu alegado envolvimento nos esquemas da Covaxin". O senador ainda foi categórico ao afirmar que eram membros do governo federal – e não ele – quem estavam atrás de propina na compra das vacinas.

No vídeo, datado de 5 de abril, Randolfe diz que as vacinas Covaxin e Sputnik V já tinham aprovação em outros países e pede à Anvisa a ampliação do arsenal de imunizantes disponíveis no Brasil. Na gravação, porém, o representante da Rede se concentra no pedido de liberação para uso, e não fala em processos de compra.

"Para se ter ideia, a Covaxin, por exemplo, já tem disponibilizada para agora 8 milhões de doses de vacinas e 20 milhões até 20 de maio. Ou seja: seria mais uma opção para ampliarmos nosso arsenal de enfrentamento", afirmou.

"Tem que ser dito para ele: presidente, divergir politicamente faz parte, (mas) agredir pessoalmente não é mais da política. Ofender as pessoas, espalhar mentiras, isso não é mais da política. Foi por isso que movemos esta queixa-crime no Supremo Tribunal Federal", explicou Randolfe.

O vice-presidente da CPI da Pandemia no Senado afirmou ainda que a compra da Covaxin contava com uma intermediária "que estava envolvida em fraudes no Ministério da Saúde desde 2018". O fato, segundo ele, não foi o único destaque apontado por ele na atuação da Comissão até aqui.

"Os fatos não foram criados por nós - foram descobertos por nós. Estavam lá. O Brasil não sabia que, enquanto mais de 3 mil brasileiros estavam morrendo, tinha uma Davati, empresa 171 dos Estados Unidos, que estava negociando vacinas com os altos escalões do Ministério da Saúde. Os brasileiros não sabiam que, enquanto tínhamos mais de 3 mil famílias despedaçadas por dia e não tínhamos a Pfizer, a Janssen, o ministro da Saúde estava se reunindo com a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que importa produtos eróticos, entre outras coisas, mas não importa vacinas, até onde sabemos", listou.

Randolfe: Bolsonaro "tem que zerar bravatas"

Questionado a respeito das supostas fraudes eleitorais alegadas por Bolsonaro nas eleições de 2014 e 2018, Randolfe Rodrigues diz que o Congresso Nacional está disposto a debater meios de tornar as disputas mais seguras. No entanto, cobrou que o presidente da República apresente as provas que diz ter.

"Se sua excelência o presidente da República, o mais alto mandatário da nação, diz que tem fraude, recebamos então as denúncias de fraude. Ele tem que apresentar. Tem que zerar as bravatas. Isso é um tema muito sério para ser bravateado. Isso é um tema que tem que ser tratado com a seriedade que se deve. Espero que ele apresente de fato para inaugurarmos um debate s obre isso no Congresso Nacional."

Para o senador, a insistência no tema e na defesa pela impressão dos votos é uma estratégia de Bolsonaro para se defender de uma eventual derrota na eleição de 2022.

"É óbvio que o que mobiliza o presidente é isso. Mas mais do que pressão por voto impresso, me parece desculpa para não aceitar o resultado das eleições."

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