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Skaf critica ironia de Doria à carta de Bolsonaro: "Politicagem"

Datena

Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), criticou nesta sexta-feira (10) a reação do governador João Doria à "Declaração à Nação" divulgada na tarde de ontem pelo presidente Jair Bolsonaro. Pouco tempo depois da circulação da carta, uma tentativa do Planalto de amenizar a crise entre os Poderes, o tucano publicou em uma rede social que "o leão virou um rato".

"Nada melhor do que termos um ambiente de segurança e de equilíbrio que estimule investimentos, empregos, consolide o crescimento, atenda as necessidades da população, melhore a qualidade do serviço público. O governador, se falasse menos, fizesse menos marketing e cuidasse mais do estado, seria melhor. Durante a pandemia, enquanto o governo federal fez o maior programa de auxílio emergencial, o governo de São Paulo só aumentou impostos. O ICMS aumentou até para seringas! É muita politicagem. Muita gente falando besteira. Essas pessoas deveriam dar exemplo e falar coisas boas", disse Skaf.

"Talvez a mensagem dele pudesse ser mais propícia aos interesses da população do estado. Tem tanta coisa para fazer, ele arruma tempo para isso? Quem começa a agredir, não quer o interesse da nação, quer bagunçar. Ano político é o ano que vem. Se todo mundo esse ano se concentrasse, seria tão bom. Teríamos mais alguns meses para focar em reformas, economia, geração de empregos. A partir de março, abril, tudo bem, não tem jeito, vai ter clima político, isso é democrático, faz parte. Mas não em plena pandemia", completou.

Skaf disse ainda que não vê motivos para duvidar da tentativa do presidente em amenizar o clima de tensão criado com os outros Poderes e instituições nos últimos meses.

"Vejo [a carta] como um gesto importante. Ele deu um novo tom de harmonia e pacificação. Sem dúvida nenhuma se desprendeu de qualquer egoísmo, vaidade. O Brasil precisa disso. Mal saímos da pandemia, estamos há quase 2 anos sofrendo com problemas na saúde e na economia. O que não nos interessa é gastar energia brigando entre nós. Principalmente quem deve dar exemplo, os Poderes da República. Eles são independentes, fortes, autônomos, e cada um tem sua missão para cumprir."

Skaf explica manifesto da Fiesp

A Fiesp divulgou nesta manhã um manifesto seguindo a mesma linha da "Declaração à Nação" de Bolsonaro. Intitulado "A Praça é dos Três Poderes", o documento contém a assinatura de 247 entidades da sociedade civil que dizem "ver com grande preocupação a escalada da tensão entre as autoridades públicas", sem citar especificamente os ataques do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional.

"O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer de forma sustentada e continue a gerar empregos", diz o texto.

"Esta mensagem não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente, mas a todos simultaneamente, pois a responsabilidade é conjunta. Mais do que nunca o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Executivo e Judiciário. É preciso que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira", completa.

O manifesto seria publicado inicialmente no dia 31 de agosto, mas foi adiado para depois das manifestações de 7 de setembro. 

"Caberia à Fiesp decidir quando fosse publicado, estávamos aguardando o melhor momento. Pensamos em divulgar antes da data cívica, mas, como marcaram manifestações de ambos os lados, pensamos que seria mais oportuno esperar. Mas não tínhamos conhecimento da carta do presidente. Foi coincidência", explicou Skaf.

Um ponto que chamou a atenção no manifesto foi a ausência da assinatura da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), parceira da Fiesp. Segundo Skaf, a entidade resolveu não participar por questões internas.

"Não temos cisão nenhuma. O que aconteceu foi um problema dentro da Febraban. Isso foi divulgado na mídia, não é nada confidencial. Houve um desentendimento entre bancos. O que isso tem a ver com a Fiesp, comigo? Nada. É assunto deles."

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