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Temer não acredita que atos de 7 de setembro representem "ruptura institucional"

Datena

O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse nesta terça-feira (31) à Rádio Bandeirantes que não acredita que as manifestações organizadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para o próximo dia 7 de setembro representem uma "ruptura institucional". Para ele, haverá apenas "algumas pessoas exaltadas" nas ruas, que, se preciso, serão controladas pelos aparatos policiais.

"Confesso que não tenho uma preocupação tão acentuada como as pessoas estão revelando. Há poucos dias estive com o governador [do Distrito Federal] Ibaneis Rocha, em um almoço em Brasília, e disse que ele teria que chamar o comandante da Polícia Militar e todos os outros comandantes e botar todo mundo para controlar os movimentos. Aqui em São Paulo o governador João Doria fará o mesmo, botará todo o equipamento da PM nas ruas. Isso já significa uma tranquilidade", disse Temer.

"Mas dizer que os movimentos vêm para 'quebrar'... Não acredito. O que poderá acontecer, e seguramente acontecerá, serão alguns exaltados gritando palavras de ordem, como 'abaixo a democracia', 'abaixo o Supremo Tribunal Federal', 'abaixo o Legislativo'. Isso é inevitável. Agora, depois do 7 de setembro, acredito que as pessoas vão meditar mais uma vez e falar: 'a partir de agora, vamos tomar outra atitude, tentar tranquilizar o país'. Não acredito, nem acho útil falarmos, que haverá distúrbios. Se passarmos incólumes, teremos outro período mais fértil e mais tranquilo", completou.

Bolsonaro já sugeriu a apoiadores que poderá participar dos atos em Brasília e em São Paulo. O presidente tem defendido que as manifestações acontecerão em defesa da "liberdade de expressão" e do voto impresso. A oposição, no entanto, acredita que os protestos foram organizados para afrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, ampliando a já crescente crise entre os Poderes.

Reunião entre Bolsonaro e Moraes

Na semana passada, Eduardo Oinegue noticiou em primeira mão no BandNews FM No Meio Do Dia que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, teria autorizado Temer a agendar um encontro dele com Bolsonaro, como tentativa de amenizar a crise entre ambos, especialmente após a prisão do presidente do PTB e líder bolsonarista Roberto Jefferson e o consequente pedido de impeachment de Moraes.

Questionado sobre a informação, o ex-presidente confirmou que, devido a sua "experiência na vida pública", costuma ser "acionado para dar sugestões", mas não entrou em maiores detalhes sobre o possível encontro.

"É interessante que você sai da vida pública, mas a vida pública não sai de você. Muitas vezes sou incitado a dar palpites, acham que sabemos das coisas, pedem conselhos. Vendo o que está acontecendo no país, essa disputa permanente entre os Poderes, as pessoas se preocupam. Eu sinto que há um clima de instabilidade que invade até as famílias. As pessoas estão aflitas. Hoje só se fala em 7 de setembro. Em vez de simplesmente comemorar a independência, um fato tão valioso ao Brasil, vai se inaugurar uma conflagração. Não é possível. Por isso tomo a liberdade de fazer sugestões dessa natureza a quem posso."

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